No auge da quarta revolução industrial, em que a Inteligência Artificial (IA) tem ocupado um espaço significativo em diferentes campos, a autora Sanaa Khoury, da BBC, abordou uma questão intrigante num artigo recente: poderia a IA dar origem a novos textos sagrados ou até mesmo movimentos religiosos?
A IA tem mostrado capacidades notáveis nos últimos anos. Seja escrevendo artigos científicos, proporcionando recomendações de moda ou mesmo conduzindo conversas profundas, sua evolução é inegável. Isso levou os especialistas a especularem sobre seu potencial papel no clero, onde poderiam fornecer consultas religiosas ou mesmo redigir sermões. Neil McArthur, da Universidade de Manitoba, sugere que a IA pode simplificar a busca por orientações em textos sagrados, tornando a espiritualidade mais acessível.
Marius Dorobanțu, teólogo romeno, examinou a crescente tendência de alguns indivíduos em buscar conselhos espirituais de chatbots, em vez de psicoterapeutas ou líderes religiosos. Segundo ele, os humanos têm uma inclinação natural para antropomorfizar objetos, percebendo características humanas onde muitas vezes não existem. Com os avanços da IA, essa tendência só tem se intensificado. No entanto, essa interação não está isenta de dilemas éticos. A responsabilidade de um chatbot em situações delicadas torna-se um campo minado de questões éticas.
A introdução de chatbots em consultas religiosas é um desenvolvimento recente. Enquanto alguns desses bots foram treinados com textos sagrados, como o Bhagavad Gita. Outros, como o HadithGPT, foram baseados em extensas fontes islâmicas. Contudo, nem todos têm sido bem-recebidos, com algumas ferramentas sendo criticadas ou até encerradas devido à sua interpretação de ensinamentos religiosos. O potencial da IA em dar origem a novas formas de adoração ou seitas também foi explorado pelo professor McArthur, que sugeriu que textos gerados por IA poderiam ser reverenciados no futuro.
Dorobanțu pontua que, historicamente, os humanos têm uma propensão a adorar entidades não-humanas, especialmente aquelas percebidas como inteligentes. Com a IA sendo capaz de operar constantemente, interagir com milhões e ter acesso a uma riqueza de conhecimento humano, pode parecer sobrenatural para muitos. Dorobanțu também vê um paralelo entre as crenças religiosas tradicionais e a promessa da IA de vida eterna na nuvem.
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