Você saberá a partir de agora como funciona o corre-corre e o árduo trabalho dentro dos boxes durante uma etapa da Stock Car. E o melhor: de dentro da equipe campeã. Fui convidado para acompanhar a corrida em Interlagos, no último domingo, junto com a equipe Red Bull Racing Brasil, que tem como seus pilotos Cacá Bueno – primeiro colocado em São Paulo – e Daniel Serra. Tentarei transmitir aos amigos do El Hombre a mesma emoção que vivi até levar um banho de champanhe do vencedor.
Trabalho duro começa com antecedência
Como vivenciei apenas o dia da corrida, senti o clima um pouco mais leve e de muita concentração antes de iniciar a etapa. Entretanto, um engenheiro me relatou que no sábado, dia da classificação e dos últimos acertos do carro, o ambiente estava muito mais ríspido.
“Você não estaria aqui ou seria muito xingado aqui”, brincou o integrante da equipe, que me fez uma solicitação: não tirar fotos durante a prova.
Cheguei por volta das 9h em Interlagos (duas horas antes de começar a corrida) e já encontrei os dois pilotos, Daniel Serra e Cacá Bueno, concentrados para a disputa. Conversavam com os mecânicos e engenheiros. Visualmente, pareciam calmos.
A família estava por perto e tentava os descontrair. Durante mais de meia hora, os dois pilotos trocaram experiências com Chico Serra (ex-piloto tricampeão da categoria). De longe, pude perceber que o assunto era a dificuldade que enfrentariam na busca pela primeira colocação contra um piloto (não consegui identificar quem era).
Restando pouco tempo antes do início, eles despediram-se dos amigos, fizeram uma oração com todos os integrantes da equipe e entraram em seus carros. Cacá foi falando sozinho, aparentemente parecia que estava fazendo a última prece. Ela deu certo.
Durante a corrida
Cada integrante estava em sua função. Todos muito concentrados até o momento da largada. O foco estava voltado para Cacá Bueno, que largou na segunda colocação. Já Daniel Serra iniciou a etapa na sétima.
Senti que algo estaria por vir logo que a corrida começou. O chefe da equipe, que ficava em outro lugar, mais próximo da pista, se comunicava a todo o momento com um engenheiro. As ordens, pelo jeito que o engenheiro ordenava ao restante do time, precisavam ser feitas com muita agilidade.
Após uma comunicação desta percebi um grande agito no box. Cacá segurou sua posição na largada, mas não por muito tempo. E não porque foi ultrapassado durante as curvas de Interlagos. Ele, já na segunda volta, parou para abastecer e dar início à estratégia da equipe. O esquema montado para a prova foi seguido inteiramente.
Emoção diante de um monitor
As voltas seguintes foram de muita emoção em frente de uma televisão, que estava dentro do box da equipe. Ao lado dos familiares, conversávamos sobre o que estava acontecendo durante a prova. Eu, tímido por ser o único desconhecido, mais ouvi do que falei. A cada ultrapassagem, uma nova comemoração. E foram muitas durante a prova, já que os dois pilotos, por conta dos pit stops, alternavam suas posições.
Forte emoção no fim
Se a corrida já estava muito empolgante, o final da prova ganhou um toque extra de emoção. Digo isso, evidentemente, pelo fato também de ter vivido o clima como parte integrante da equipe. Até um copo de água levei para a esposa do Cacá Bueno, que estava muito nervosa.
Restando cinco voltas para o final, de um total de 40, o clima esquentou dentro da pista. Valdeno Brito, então terceiro colocado, encostou em Cacá. Os dois coloram no líder Átila Abreu. Dali em diante, até a última curva, foi pura emoção.
Faltando três voltas, Valdeno assumiu a segunda colocação e os três carros chegaram a andar lado a lado. Até que Cacá recuperou a posição de Valdeno e os dois deixaram Átila para trás. Átila em seguida sofreu com problemas mecânicos e terminou em décimo segundo colocado. Este foi um momento de muita comemoração no box, com engenheiros de joelhos em frente a TV.
Cacá segurou a pressão nas últimas voltas e venceu a corrida de abertura da temporada pela terceira vez consecutiva, todas em Interlagos. Valdeno chegou em segundo e Ricardo Maurício completou o pódio. Daniel Serra, parceiro de Cacá, chegou na quinta colocação. Mais um grande feito para a equipe.
Muita festa
Assim que Cacá Bueno ultrapassou a linha de chegada, foi dado o início da festa nos boxes. A primeira sensação foi de alívio. Todos correram para recebê-lo na entrada da pista que leva aos boxes. Eu fui junto. E fiquei ali até o momento em que Cacá recebeu o troféu e jogou champanhe em todos os integrantes da equipe. Por inexperiência, fiquei bem no meio do foco da chuva da bebida, enquanto outros integrantes saíram para não se molharem. Fiquei com a camiseta completamente encharcada.
Depois de muita festa ainda na pista, começou a comemoração no QG da equipe. Cacá foi muito elogiado por todos, recebeu abraços dos amigos e da família. Mas por pouco tempo. Depois de 20 minutos, ele e Daniel Serra precisaram ficar em frente ao box para atender a imprensa e conversar com torcedores que pagaram um pouco a mais no ingresso para ter a condição de chegar mais perto dos pilotos. Cacá transmitia felicidade, mas, ao mesmo tempo, muito cansaço.
Hora de ir embora
Posso dizer que vivi o clima de Interlagos como um integrante da equipe campeã da etapa. E tenho sorte: logo na primeira experiência fui vencedor. Voltei para casa com muita satisfação de poder, como jornalista, vivenciar momentos tão empolgantes, e diferentes, dentro do esporte. Eis aqui, relatado para vocês, mais um na minha breve carreira.
Só fiquei com um gostinho de quero mais: não fui chamado para a festa de comemoração. “Lá vai rolar coisas que é melhor não ter um jornalista (risos)”, brincou um integrante da equipe. Fico devendo essa curiosidade a vocês, amigos! E fico aqui imaginando o que deve ter rolado nesta festa, já que tinha tanta mulher bonita no evento.