Cada um tem seu talento
E se o seu é o alento
O meu é a palavra
E você sempre foi
Dos mais lindos cultivadores
Deste talento manco
Sendo assim, não poderia
Ainda com dor em demasia
Deixar de recitar pra ti
Minha última poesia:
What a ride
What a ride, my friend
Que passeio, que jornada
Nosso easy rider
Easy smile, easy tudo
Que menino especial (espacial?)
Que com isso carregou
O fardo da inquietação dos diferentes
E diante disso, fez sua escolha:
Há quem toque um instrumento
Há quem dance ou tire foto
Há quem jogue palavras ao vento
Há quem suba numa moto
É por isso que este dia
É carregado em paradoxo
A moto que te fez tão feliz
Foi a que te levou daqui
Também a sua presença certa
Em horas tristes como esta
É a ausência que ora choramos
E também sua vida intensa
Que precisa ser celebrada
Enquanto é chorada a sua ausência
Foram quase trinta e três
Veja o símbolo: quase a idade de Jesus
Faço-me então devoto de Lex
Luiz Felipe de São Paulo
Deixou um caminho de amor
Foi mártir da vida bela e doce
Da vontade de engolir o mundo
Da vida aproveitada até o fim
Até o último segundo
Eu por certo não mereci
Tamanho carinho, tamanha amizade
Mas você deu, porque este é você
E se me permite ora dirigir
Àqueles que como eu choram
Sejamos um pouco mais
Como nosso amigo lindo
Estejamos aqui uns pelos outros
Cuidemos bem dos bigodes
Sejamos eternos enquanto vivos
Visitemos o velho bode
E lembremos, amigos
Um dia estaremos juntos de novo
Quer seja em outro plano
Quer seja só no bico de um velho corvo
E você, Lex, que sempre ficou
Até o apagar das luzes
Em cada um dos nossos shows
Esta aqui é pra você,
Poesia e rock & roll
Afinal de que vale a vida
Senão para ficar até o apagar das luzes
Com aqueles que amamos
E por fim te digo ainda
Se está certa a minha premissa
De que é disso que é feita a vida
Então tu não morreste aos 33
Mas viveste entre idas e vindas
Em quase 33 anos
Por mais que 33 vidas
[Poesia por Emir Ruivo]