Ia escrever sobre outro assunto, mas fui dar neste vídeo e tive que mudar. É um trecho de um clássico do cinema, Quando Explode a Vingança. Nele Sergio Leone e Enio Morricone trabalham juntos, e esta cena mostra por que Tarantino disse que foi provavelmente a maior parceria do cinema. A câmara de Leone, a música de Morricone.
Vi este filme menino ainda em Ribeirão Preto, na última sessão do cinema velho do centro, e dormi em boa parte. Mas ao sair cambaleante do cinema rumo à casa de Tia Zete, que vendia jóias para os outros e proporcionou sonhos para mim, sabia que tinha visto alguma coisa que iria me acompanhar pelo resto de minha vida.
Quero aproveitar esta sessão curta de cinema para, além de sugerir filmes de Leone e Morricone, discutir a essência da cena.
O beijo.
O beijo contém uma carga erótica e amorosa muito maior que o sexo em si. Não é à toa que prostitutas não beijam os clientes. Como símbolo, o beijo representa a entrega, o laço, a comunhão muito mais que a cópula. É um dos mistérios do amor.
Muita gente tentou ao longo do tempo explicar.
Tenho minha tese. Quero ouvir a sua. Para mim, o beijo é a promessa, a expectativa do que pode vir depois, é a véspera da festa.
É a fantasia.
O sexo é a realidade. Não é mais a véspera, mas a festa mesma. Quando a realidade iguala a fantasia?
Poucas vezes. Quase nunca. Daí o fascínio perene e incomparável do beijo na crônica de homens e mulheres apaixonados.