O texto O caos interior das pessoas cronicamente ocupadas foi publicado originalmente no site Psychology Today, pela psicanalista Kristen Beesley.
Em nosso mundo acelerado, estar “ocupado” é frequentemente encarado como um símbolo de honra, mas quando é que a “ocupação” indica algo mais profundo?
Quando um paciente me diz estar “muito ocupado”, entendo que essa afirmação reflete demandas da vida real, mas também procuro entender o que está por baixo desse comportamento, especialmente se ele é habitual.
Existe uma grande diferença entre estar “apenas ocupado” e o que chamamos de “ocupação crônica”. Aqui estão dois cenários para ilustrar a diferença.
Falando psicanaliticamente, o que está no coração dessa ocupação crônica? Eu diria que mecanismos de defesa como supressão, negação e onipotência.
Essa ocupação crônica presente na vida da pessoa B certamente é o reflexo de algo. Talvez, de questões subjacentes que se baseiam na evitação. Essa pessoa passou por um divórcio doloroso, digamos. Dentro desse contexto, uma pessoa que está cronicamente ocupada está tentando se distrair de emoções desconfortáveis, desagradáveis e dolorosas. E, é claro, do caos que se tornou sua vida interior. A ocupação, a ação, o movimento constante e o excesso de compromissos são coisas que protegem uma pessoa de estar ciente de suas emoções. Estando cronicamente ocupada, a pessoa B é capaz de suprimir sentimentos dolorosos de perda. A sua é uma defesa contra a dor.
Os mecanismos de defesa envolvem as coisas que fazemos inconscientemente para nos protegermos e evitarmos uma série de sentimentos desconfortáveis. Essas defesas nos mantém funcionando e nos protegem de ficarmos angustiados ou demasiadamente sobrecarregados com a ansiedade ou outras emoções dolorosas. A ocupação é um reflexo de um dos muitos tipos de comportamento que podem abranger defesas que uma pessoa pode empregar para se proteger da dor.
Um elemento importante na ocupação crônica é a negação. Para estar cronicamente ocupado, é necessário negar a verdade prática do relógio, a distância e as próprias limitações. A maioria das pessoas é bastante lógica, mas quando estamos no auge da ocupação crônica, a lógica desaparece.
A ocupação crônica pode levar uma pessoa a se programar de uma maneira que não sobre espaço para si mesma. Isso porque ela sabe que tem uma consulta médica às 14h, mas marca um almoço às 13h do outro lado da cidade.
O problema é que, quando mais tempo a pessoa continua nesse estado automatizado, mais aumenta o seu sofrimento, pois, em constante movimento, tem pouco tempo para pensar na dor real e se perguntar o porquê de estar ocupada de tal maneira.
O primeiro para reconhecer se você ou um ente querido estão praticando a ocupação crônica é considerando perguntas como:
Lembre-se, o objetivo da pessoa cronicamente ocupada não é se esgotar ou acumular trabalho. Seu objetivo é satisfazer algo por baixo, como mascarar a dor, sentir-se melhor consigo mesmo ou sentir valia e valor.
Uma maneira de examinar se você está se envolvendo em ocupação crônica é tirar algum tempo de inatividade. Tempo livre real, não somente cinco minutos. Ao fazer isso, você pode refletir sobre quais tipos de sentimentos ruins surgem. Eles são tristes? Agitados? Inquietos?
No caso da ocupação crônica, é importante desacelerar e pensar sobre o que mais – além do comportamento ocupado – pode estar acontecendo e começar a tomar medidas para abordar e processar essas coisas.
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