Não, o fair play não morreu

Já deixamos claro aqui no El Hombre que somos apaixonados por futebol. E já deu para notar, também, que aplaudimos o jogo limpo. O problema é que não está fácil arranjar pauta para escrever sobre isso.

Mas eis que Aaron Hunt, jogador do Werder Bremen, da Alemanha, protagonizou uma cena digna de admiração.

O meio campista, em partida contra o Nuremberg, numa investida ao ataque caiu na área adversária. O árbitro, a quatro metros do lance, não hesitou e marcou pênalti. Mas Hunt, em atitude surreal, reconhecendo não ter sido tocado, se levanta imediatamente e diz: “strafe nicht, euer ehren”.

Ou “não foi pênalti, seu juiz”. Segundo o tradutor.

A autoridade máxima em campo, então, volta atrás e marca… Sei lá, o vídeo acabou aí. Mas deve ter sido bola ao chão. Os jogadores do Nuremberg ainda afagaram a cabeça de Hunt, reconhecidos com a nobre e rara atitude do rapaz.

Eu sonho com o dia em que predominará esse espírito esportivo no futebol; com o dia em que os jogadores não empoleirarem no juiz ao marcar uma falta dentro da área; com o dia em que eles não xingarem o bandeirinha após marcar um impedimento; com o dia em que não ficarem tentando convencer o juiz de que o lateral pertence ao seu time.

Ok, muitos vão dizer que eu sou demasiadamente caxias. Mas, ué, o que é certo é certo. E essa mania de levar vantagem sempre que possível não se limita aos campos profissionais.

Outro dia estava jogando uma pelada e, num chute do adversário, a bola raspou levemente no meu pé e foi pela linha de fundo. Eu então apontei o escanteio, mesmo percebendo que todos os jogadores, do meu e do outro time, estavam se posicionando para o tiro de meta. Foi quando um parceiro me disse: “Ninguém nem tinha visto.” E daí? Foi escanteio e não tiro de meta.

Não sei o porquê, mas eu já imaginei a cena protagonizada por Hunt várias vezes antes dela acontecer. Eu ficava me perguntando qual seria a reação da torcida ao observar um jogador de seu time desmarcando um pênalti a seu favor (e vou continuar me perguntando, porque não encontrei notícias sobre). Sinceramente, não pensava que fosse presenciar isso um dia.

Felizmente eu fui surpreendido.