InícioSaúde sexualO fetichismo está atrapalhando a sua vida sexual?

O fetichismo está atrapalhando a sua vida sexual?

Se pedisse a você, caro leitor, que imaginasse uma mulher sexy, como ela estaria vestida? Para grande maioria das respostas creio que roupas justas que insinuam às formas do corpo, salto alto, pele e lingeries a mostra, fariam parte da bela imagem que se forma em sua mente.

Errei? Creio que não! Essas e outras peças do vestuário feminino enlouquecem a cabeça de muitos hombres e fazem parte de suas maiores fantasias sexuais. Mas você saberia dizer qual o limite entre o que é natural da fantasia erótica entre um casal e quando estes são atravessados? O que a psicanálise pensa sobre o fetichismo?

Lingeries e fantasias, brinquedos eróticos, vídeos e fotos, óleos e massagens. Essas e muitas outras artimanhas poderiam ser pensadas como fetiches comuns (e porque não necessários?) a uma vida sexual saudável a dois. Sabemos que o peso do dia-a-dia e as obrigações profissionais e pessoais são questões capazes de entediar qualquer relacionamento. Com isso o uso saudável da criatividade entre quatro paredes é, em muitos casos, decisiva na duração deste relacionamento.

Porém, como notar quando a sua simpatia e curiosidade por determinados objetos eróticos torna-se obsessão?

De modo geral, diz-se que o fetichismo, como um distúrbio de comportamento sexual, é a tendência erótica para coisas inanimadas que, direta ou indiretamente, estão em contato com o corpo humano, ou para determinada parte da pessoa amada.

O fetichista é aquele que se utiliza de determinadas partes do corpo ou objetos de uma pessoa, da qual se diz apaixonada, para obter satisfação sexual. Seria como se alguém amasse partes de uma pessoa, ou então objetos que ela usa, sem amá-la totalmente. O fetichista é um venerador e tem o fetiche como o elemento necessário e suficiente para sua excitação sexual, não precisando da presença do outro para sua satisfação, mas apenas do contato do objeto, por exemplo.

De maneira a ilustrar poderíamos pensar que, apesar de adorar quando sua mulher o surpreende com uma nova calcinha, um bom hombre estará preparado para responder aos desejos seus e de sua parceira quando e onde for. Já o fetichista é aquele que somente se satisfará quando houver a calcinha, a mordaça, a venda nos olhos, ou qualquer outro que seja seu objeto sexual.

Pode-se ainda dizer que ele é incapaz de amar outra pessoa como uma pessoa real, uma vez que consegue amar apenas uma parte dela, ou um objeto que ela use (mãos, pés, nádegas, mamas, sua calcinha, seu sutiã, suas meias). Exemplos característicos de fetichistas são os masoquistas, aqueles que usam roupas de borracha, pessoas apaixonadas por pés, o voyeur, entre outros.

Embora haja uma tendência a pensarmos que o fetichismo ou a manutenção de um fetiche seja uma particularidade específica da sexualidade perversa, a psicologia tece considerações a respeito e argumenta que todas as pessoas apresentam alguns fetiches.

Como exemplo, temos o seu gosto, caro leitor, por mulheres voluptuosas como Scarlett Johansson (acertei novamente?). Cada indivíduo sente-se atraído por determinado estilo de vestimenta, acessório ou por indivíduos dotados de certos atributos ou características físicas. Têm-se o gosto particular por morenas, ou loiras, mulheres magras, ou mais cheinhas, olhos castanhos ou verdes.

Entretanto, pondero sobre a normalidade, enfatizando que o que não é normal é a obtenção de prazer sexual que não somente com o seu fetiche. Criar uma história sexual de secretária com sua parceira é absolutamente saudável, se a sua satisfação sexual também puder se fazer presente em outras situações e não somente neste contexto.

Há sempre certo grau de fetichismo no amor normal. É importante saber equacionar e canalizar a energia sexual, de maneira tal que o prazer possa ser compartilhado com o outro. Porém, se a sua satisfação sexual estiver ligada somente a determinados objetos ou partes do corpo do outro, talvez fosse o caso de procurar por ajuda profissional.

Afinal de contas porque ter prazer em apenas determinados objetos, se podemos expandir nossos interesses e explorar com a parceira as inúmeras possibilidades eróticas a dois? Boa sorte nessa aventura!

Patrícia Vaz
Patrícia Vaz
Psicanalista, Patrícia adora escrever sobre as angústias de ser humano, e concorda com Freud que "um charuto às vezes é só um charuto" -- ou não? Para saber mais acesse www.patriciavazcorrea.com