Você já deve ter ouvido falar em masculinidade tóxica, mas sabe dizer o que ela realmente significa?
Resumidamente, podemos dizer que o termo “masculinidade tóxica” se refere às características que a sociedade atribui ao sexo masculino de maneira estereotipada.
Em outras palavras, o termo é um conjunto de mitos baseados no senso comum de que o homem deve ter agressividade e ser invulnerável para ser um “homem de verdade”. Tais mitos são transmitidos aos homens desde a infância e reafirmados ao longo de suas vidas ameaçando inferiorizar, ridiculizar e excluir aqueles que não ajam de acordo com os padrões.
A palavra tóxica deixa evidente como estes padrões podem ser maléficos tanto para os homens quanto para a sociedade em geral. Ok, mas ser homem é ser tóxico? É claro que não! Aliás, não significa sequer que a masculinidade seja tóxica por natureza. Trata-se mais de uma questão social criada e fortalecida com o passar do tempo.
É importante frisar que se trata de um padrão pré-estabelecido incompleto e inatingível. Ninguém é capaz de exercer controle sobre todas as situações da própria vida e ninguém possui a capacidade de viver com saúde e contentamento dentro de tantas restrições. Vejamos alguns exemplos dos mitos que envolvem o termo “masculinidade tóxica”:
Cabe ao homem minimizar suas emoções e jamais demonstrar tristeza, medo, ansiedade ou vulnerabilidade emocional.
Cabe a um homem fazer sexo sempre que houver oportunidade para tanto ou “criar oportunidade” para tal. Aquele que não o faça é desprovido de valor.
Cabe a um homem agir de maneira agressiva e competitiva. Perder não é opção.
Cabe a um homem ter interesses apenas no universo masculino, como futebol, cerveja e sexo. Interesses que não estejam dentro dos padrões o torna menos homem.
Não é conveniente que um homem seja amável ou sensível. Características femininas o tornam inferior.
Cabe a um homem ser forte e poderoso o bastante para conquistar todas as coisas que deseja, tanto para si mesmo quanto para aqueles que ama.
Cabe a um homem ser perfeitamente autossuficiente e atingir o sucesso sem que o auxiliem ou o apoiem de maneira alguma.
Cabe a um homem estar sempre acima das mulheres de sua convivência.
Cabe a um homem exercer domínio sobre os homens mais fracos do que ele.
Cabe a um homem sustentar financeiramente a casa. Mantendo-se distante das tarefas domésticas e/ou filhos. Se ele não conseguir, não é um “homem de verdade”.
A masculinidade tóxica está em todos estes mitos somados, mas também em cada uma dele. Quem nunca ouviu ou disse um dos mitos acima que atire a primeira pedra. O estereótipo masculino não se refere somente às pressões sociais exercidas sobre os homens, mas também como nós lidamos com tais pressões. Há, por exemplo, homens que procuram agir de modo “hipermasculino” com o propósito de evitar dúvidas relativas à sua masculinidade. E quem de nós não tentou agir assim em alguma fase da vida, como na adolescência? Tais comportamentos podem surgir para mascarar a própria vulnerabilidade e o medo de ser excluído.
E como resolver isso? A questão central é agir de acordo com sua verdadeira personalidade, sem ceder à pressão de se encaixar em padrões. Não que seja fácil. Isso demanda um esforço constante, além de altas doses de autoanálise, reflexão e muita confiança.
Outro ponto importante é mudar o mindset e as atitudes em relação aos outros homens. Procure fortalecer as características individuais dos seus amigos, colegas e filhos. Evite reforçar brincadeiras tóxicas ou desvalorizar as preferências pessoais que estejam fora dos padrões masculinos. Isso ajuda a criar relações mais sadias e abre espaço para que você e os homens do seu convívio posam ser mais autênticos.
Agora, se sua preocupação é ter que mudar completamente e deixar de ser determinado, forte, corajoso ou valente, não se preocupe. Tais características são encontradas em pessoas de ambos os sexos e nada tem a ver com masculinidade. Assim, cocaracterísticas associadas ao sexo feminino como sensibilidade, empatia, cuidado e acolhimento podem ser encontradas e cultivadas em homens. Assumir isso pode ser o caminho para se tornar mais feliz consigo mesmo.
Por que não querermos o melhor dos dois mundos? Reduzir a parte associada as mulheres como algo inferior, não ajuda em nada a nos tornarmos seres humanos melhores. A masculinidade e a feminilidade não estão necessariamente em conflito, mas complementam uma a outra e, em maior ou menor medida, estão presentes em cada um de nós.
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