Em algum momento, você pode ter esbarrado no termo “perfumes de nicho”. Procurando pela internet, lendo ou vendo vídeos, talvez não fique tão claro assim o que realmente quer dizer, mas a primeira conclusão talvez seja que eles são apenas perfumes mais caros. Mas será que é isso mesmo?
Perfumes de nicho são criados por empresas focadas exclusivamente na criação das fragrâncias. “Mas o Boticário e Natura não são lojas de perfumes?” Não! São de cosméticos. É possível encontrar no portfólio dessas empresas produtos além da perfumaria, como cremes, shampoos, loções, desodorantes, maquiagem, etc.
“Já sei! Chanel, Dior, Hugo Boss, essas são empresas de perfumes”. Também não, essas são empresas que criam fragrâncias designers e estão na indústria da moda (que também abraça os perfumes).
Para criar um perfume, a empresa contrata um perfumista para desenvolver a fragrância de acordo com a proposta da marca. É criado um design, que remete alguma proposta comercial, como a própria aceitação do público ou uma referência à uma coleção de um estilista. É tudo mais engessado, seguindo padrões rigorosos impostos pela grife em cima do artista. Visa-se lucro, venda, impacto no mercado. É uma arte focada no lado comercial, acima de tudo.
Já os perfumes de nicho são criações voltadas para o lado artístico e não seguem (intencionalmente) as propostas do mercado. Na verdade, pode-se dizer que são esses perfumes que ditam as tendências do mundo da perfumaria, já que é comum que, depois que uma fragrância de nicho faça sucesso, surjam perfumes designers que se inspirem ou até mesmo copiem esses perfumes.
No nicho, não há uma preocupação com a aceitação do público, número de vendas, lucro… São muito mais focados no lado artístico, na mensagem e na intenção do perfumista do que em qualquer outra coisa. Há uma intenção de exclusividade e diferenciação. Eles não só evitam as tendências, como podem ousar, abstrair e usar matérias primas não muito convencionais.
Até meados de 2010, a perfumaria de nicho era bem restrita e pouco conhecida, reservada aos ávidos amantes da perfumaria ou clientes que buscavam algo mais exclusivo. Até que no mesmo ano, a bicentenária empresa Creed trouxe o perfume Aventus, que revolucionou o mercado de perfumaria.
Mesmo sendo um perfume caro e de difícil acesso, a fragrância se popularizou a ponto de figurar em músicas, fotos de famosos e entrevistas. Isso fez com que ela estivesse em alta, amplamente divulgada mesmo sem que a empresa investisse em publicidade. Criou-se um hype enorme em torno da empresa, que abriu as portas (ou as narinas) para outras marcas. Hoje estão bem mais difundidos no mercado, e algumas marcas são bem populares, ainda que financeiramente inacessíveis.
Claro! Ainda que sejam mais exclusivos e diferenciados, hoje em dia existem perfumes de nicho em diferentes faixas de preço e com uma qualidade incrível. Neste artigo, recomendo algumas marcas nacionais de perfumaria que tratam de perfumes de nicho, como a Condé.
No que se diz respeito aos importados, o preço é muito maior. São bem mais caros que perfumes designers, chegando até mesmo na casa dos R$ 5.000. Num Brasil de custos elevados para coisas básicas, investir uma cifra dessas em uma única fragrância é um tanto quanto surreal, mas se você tem condições, vá fundo! Especialmente se for uma pessoa aficionada a perfumes.
Nessa faixa de preço, os perfumes entregam bastante coisa. A apresentação é diferente, o acabamento dos frascos é uma verdadeira joia (e literalmente alguns vem com alguma joia ou metal precioso). As fragrâncias também são alguns dos diferenciais, matérias primas nobres e naturais, como Oud e Ambargris, as duas mais caras existentes, performance elevada e cheiros que não lembram nenhum outro perfume.
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