Imaginem um futuro onde a tecnologia supera a inteligência humana, desencadeando mudanças radicais na sociedade e possivelmente sinalizando o fim da era humana. Parece uma premissa de ficção científica, não é? Mas essa ideia, apresentada pelo cientista da computação e autor de ficção científica Vernor Vinge, em 1993, não é mais relegada aos domínios da especulação. Hoje, é um assunto sério de debate entre pesquisadores de Inteligência Artificial (IA), como uma matéria recente da revista “Popular Science” investigou.
Na virada do século, Vernor Vinge lançou a semente da ideia que hoje floresce como a Inteligência Artificial Generalizada (AGI) — uma entidade capaz de igualar, ou até superar, a performance humana em todas as tarefas intelectuais. Isso desencadeou um debate fervoroso no campo da IA, alimentando a teoria de que “o fim da era humana” poderia estar à nossa porta.
Vinge foi responsável por popularizar o conceito de “Singularity” — um momento de ruptura na evolução tecnológica, onde emergiria uma entidade com habilidades superiores ao cérebro humano, provocando transformações imprevisíveis no mundo como o conhecemos. Enquanto muitos veem a AGI como um potencial caminho para essa singularidade, há uma facção que acredita que a AGI é nada mais do que um termo vazio, sem substância real.
No entanto, existem preocupações profundas associadas ao desenvolvimento da AGI. Roman Yampolskiy, cientista da computação na Universidade de Louisville, sugere que a previsibilidade de uma AGI é uma utopia. O imprevisível comportamento de uma AGI torna a tarefa de controle quase impossível — e as consequências dessa falta de controle podem ser catastróficas.
O futuro da AGI e da singularidade é alvo de opiniões divergentes entre os pesquisadores. Uma pesquisa do think tank AI Impact mostrou que enquanto 33% dos pesquisadores acreditam que um cenário de singularidade é “provável” ou “muito provável”, 47% consideram essa possibilidade “improvável” ou “muito improvável”.
Para Sameer Singh, cientista da computação na Universidade da Califórnia, a falta de uma definição clara para AGI e Singularidade torna difícil examinar esses conceitos de maneira empírica. Ele também expressa preocupações de que o foco em AGI e seus possíveis impactos a longo prazo desvia a atenção dos problemas reais e presentes associados à IA, como questões legais, desemprego e geração de fake news.
Pioneiros da ciência da computação como Geoffrey Hinton e Yoshua Bengio recentemente expressaram preocupações sobre o campo da IA, que eles percebem como fora de controle. Alguns até pediram uma pausa de seis meses no desenvolvimento de sistemas de IA mais poderosos que o GPT-4. Yampolskiy apoia essa pausa, mas defende que uma parada temporária não é suficiente: “A única maneira da humanidade ganhar é não fazendo isso”, concluiu ele.
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