Uso este meu espaço para parabenizar a atitude do Santos, do ex-jogador Clodoaldo e do empresário Carlinhos. Parabéns por deixarem a história do futebol acesa e não virarem as costas para um ídolo do passado. Que sirva de exemplo para outros clubes que sequer homenageiam ou dão auxílio a seus ex-craques, casos do São Paulo, Corinthians, Flamengo…
Todo glamour da carreira futebolística de Dorval – aquele mesmo do time fantástico de Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe – não existe mais. O integrante do time histórico do Santos, bicampeão mundial de 1962 e 1963, passa por uma crise financeira e, em virtude do problema, está morando atualmente na casa cedida por Carlinhos, dono da padaria A Santista, de Santos.
O clube ficou sabendo do problema por meio do ex-jogador Clodoaldo, ídolo santista e campeão do mundo em 1970. Ao descobrir a situação, a atual diretoria tratou de ajudá-lo imediatamente e firmou um contrato vitalício com Dorval em uma jogada de marketing, na qual o clube usará a imagem do ídolo para assuntos comerciais em troca de um salário de R$ 5 mil.
Dorval (jogador do Santos entre 1956 e 1966) também receberá outra ajuda do Carlinhos. Ele irá fazer todas as refeições na padaria A Santista.
“A gente faz o que pode para ajudar. Meu pai já fazia isso há muito tempo e eu faço porque sou um santista fanático. Dorval foi um grande jogador e hoje passa por um momento difícil e eu quis ajudar por amizade. Não podemos dar as costas para os amigos”, disse Carlinhos ao El Hombre.
“Eu fui apenas um intermediário nesta história. Passei a informação para o presidente Odílio (Rodrigues, mandatário do Santos), que quis ajudar o Dorval na mesma hora. Até o Pelé ligou para saber se ele precisava de algo. Ninguém quer ver um amigo e um ídolo passando dificuldade”, contou Clodoaldo.
O El Hombre ligou para Dorval, que, entretanto, não quis conversar sobre o tema e disse que está passando por problemas de saúde.
“O que o Santos fez foi deixar viva a história do clube, não foi apenas ajudar. Isto é muito legal. O Dorval é um cara que merece. No passado, os jogadores davam sangue pelo futebol e não eram recompensados. Hoje em dia alguns clubes deixam os jogadores do passado de lado e esquecem que foram eles, por pouco dinheiro, que ajudaram a construir a história. Tem clube que dá um salário alto para qualquer jogador da base e não ajuda seus ídolos”, desabafou Clodoaldo.