Em 2005, vi a minha irmã fuçando numa página na internet que eu nunca vira antes. Perguntei do que se tratava. “Minha amiga que mora na Califórnia me mandou um convite para participar desse site”, ela disse. Admito que, na hora, não entendi muito bem para que aquilo servia. Mas pedi que me mandasse um convite, anyway.
Brinquei um pouco ali e entrei em algumas comunidades, como Cinéfilos e Apple. Fora minha irmã, ninguém que eu conhecia usava a rede, então não tinha nenhum amigo associado ao site. Depois de alguns meses, um conhecido me perguntou se eu já tinha ouvido falar do Orkut. “Sim, sim”, respondi animado. “Eu tenho! Me add lá.” Pronto. Agora eu tinha um amigo virtual. Não demorou muito para dezenas e dezenas de pessoas pedirem autorização para participar do meu círculo. A coisa começou a ficar interessante.
Scraps e mais scraps eram postados na minha página. Quando um assunto era confidencial, digamos assim, mandavam por testimonial. Eu achava aquilo incrível. Amigos passavam perfis de mulheres que eles achava interessante e eu retribuía o favor. E quem não se lembra do Today’s Fortune? Que nos apresentava uma frase bem ao estilo biscoito da sorte?
O Orkut foi um sucesso absoluto. E nós, brasileiros, nos mostramos ali amantes de redes sociais. O vício pegou as pessoas de jeito inédito — talvez até com mais rapidez do que no caso do Facebook. É difícil comparar um ao outro. Mas quem passou por essa fase, sabe como foi.
Depois do seu auge, veio sua decadência. Quando ouvi pela primeira vez a palavra “orkuticídio”, duvidei que alguém teria coragem de fazê-lo. Algumas pessoas deletaram, sim, seu perfil na rede e assim ficaram; outras voltaram arrependidas. Mas aquilo me mostrou que a rede já não estava no seu melhor momento — e como a velha máxima diz, o que não sobe, desce. Foi o que aconteceu com o Orkut. Ela desceu tanto que se espatifou no chão.
Dizem que o grande culpado dessa queda foi o Facebook, que vinha com força dos Estados Unidos e oferecia novidades em relação à rede do Google. O fato é que milhões de usuários migraram do site azul-calcinha para o azul-marinho. Eu, no entanto, não concordo com esta tese. Acredito que o verdadeiro culpado foi o próprio Orkut, que não se atualizou a tempo, esqueceu-se de inovar e ficou ultrapassado em relação aos seus concorrentes.
Para quem não sabe, o Orkut ainda respira. Com ajuda de aparelhos, é verdade. Mas respira. Continua muito parecido do que era 9 anos atrás. Hoje, a principal rede social do Google é o G+. Não mais uma página com uma foto 3×4 sua estampada — e uma barra inferior mostrando os aniversários mais próximos.
Sinceramente? Às vezes sinto falta Orkut — e sua falta de pretensão.