Os 100 anos de Leônidas, o primeiro craque brasileiro

Compartilhe

Ele foi o precursor do marketing esportivo. Também foi a negociação mais cara do futebol brasileiro. Tinha seu nome especulado por vários clubes. Ganhou páginas nos jornais por polêmicas. Um ídolo de muitos torcedores. Ajudou o Brasil a ir longe em uma disputa de Copa do Mundo. Era mulherengo.

Esta podia ser uma breve definição de Ronaldo, Romário, Ronaldinho Gaúcho, entre tantos outros grandes jogadores do futebol mundial. Mas não é. A habilidade que o Neymar tem de ganhar dinheiro com ações comerciais, este grande homem, muitas vezes esquecido, já tinha há no mínimo 70 anos.

Se você não sabe ainda quem é, pode ter certeza que já ouviu falar muito dele, ao menos pela alcunha de seu apelido: Diamante Negro. Não estou me referindo ao chocolate e, sim, a um dos maiores ídolos do futebol mundial, que completaria cem anos de vida nesta sexta-feira, dia 6 de setembro.

Estou falando de Leônidas da Silva, o primeiro grande jogador de futebol do Brasil – faleceu em 1994. Um Pelé nos tempos do começo do século 20. Ele reinou absoluto na primeira metade até 1930, período em que a televisão nem sequer existia.

Podemos dizer que ele foi o primeiro Rei do futebol nacional, nem melhor e nem pior que o Pelé. Mas com um reinado diferente.

Seu reinado no Brasil tomou grandes proporções após o jogador se destacar na primeira boa campanha canarinha em Copas do Mundo. O ano era 1938, depois do Mundial na França. Foi o artilheiro naquela competição, vencida pela Itália, com oito gols. E apresentou ao mundo a famosa bicicleta, jogada de efeito inventada pelo próprio.

A fama deu ao ex-jogador o necessário para começar a usar seu nome em ações de marketing esportivo. Depois de fazer muitas campanhas de graça ou até mesmo em troca de “goiabada” ele lucrou, pela primeira vez na história do esporte, com sua imagem. A ação foi no lançamento do chocolate Diamante Negro, da Lacta. Foi o pai do Neymar no quesito propaganda.

Os valores, entretanto, não chegam aos pés do que o atacante do Barcelona lucra atualmente. Para ceder de forma definitiva o apelido pelo qual era conhecido à Lacta, Leônidas recebeu 2 contos de réis (menos de R$ 2.000 atuais).

Se ainda não bastasse ser o precursor do marketing esportivo, Leônidas foi ainda a primeira grande negociação do futebol brasileiro. Foi vendido do Flamengo para o São Paulo, já no fim da carreira, por 200 contos, ou R$ 196 mil corrigidos.

A sua fama só não foi maior porque, segundo projeções e opiniões de historiadores, Leônidas teria conquistado uma Copa do Mundo caso as Copas do Mundo de 1942 e 46 não tivessem sido canceladas por conta da Segunda Guerra Mundial. Uma pena.

Viva o primeiro grande craque do futebol brasileiro, viva o seu centenário!

Felipe Piccoli

Felipe Piccoli é especializado em jornalismo esportivo desde 2008. Com passagens pela Rádio Bandeirantes e pelo jornal Marca Brasil, hoje ele é coordenador de reportagem da Band.

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.

Saiba Mais