Os 5 supercarros mais curiosos já produzidos

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Um supercarro é, antes de qualquer coisa, uma quebra de paradigma. Uma fuga da curva. Um ato de rebeldia criativa. Ele pode ser tudo, menos normal, porque o mundo já está cheio de carros normais andando por aí. E é exatamente este o espírito que designers e engenheiros desejam capturar com suas criações. A máquina deve ser linda, rápida, desejável e ao mesmo tempo funcional.

Combinar todas essas qualidades em apenas um produto não é tarefa fácil e por isso esses foguetes de luxo são sempre rodeados de especialistas por todos os lados durante toda sua fase de criação. Imaginem então o desespero dessas pessoas ao verem seus projetos virarem esquisitices que acabam fazendo história como curiosidades e não como sumidades.

São muitos os exemplos. A lista abaixo compreende os casos que considero os mais relevantes e inusitados. Sonhos malucos de cabeças inventivas e desafiadoras.

1# Isdera Imperator 108i

O Isdera Imperator 108i nasceu de um conceito da Mercedes-Benz chamado CW311. Criado em 1978 por um ex-engenheiro de design da própria Mercedes chamado Eberhard Schulz, ele consistia em um monovolume dotado de um potente motor V8 de 5 litros, que o levava de 0 a 100 km/h em 5 segundos atingindo uma velocidade final de 287 km/h. As portas eram estilo asa de gaivota e a carroceria era notadamente inspirada nos modelos da Lamborghini.

Passada a fase de conceito, a Mercedes acabou por não se interessar pela produção em massa do carro, mas permitiu que o Sr. Schulz o fizesse via marca própria, a Isdera. Foram produzidas 30 unidades do supercarro, entre 1984 e 1993. Duas delas foram exportadas para o Japão.

O curioso da máquina: A visão traseira era péssima e, na falta de uma câmera de ré (tecnologia tão comum hoje em dia, mas inexistente na época), o Isdera ganhou um singelo periscópio no teto, acima do banco do motorista.

#2 Covini 6CW

O Covini 6CW conta com 6 rodas

Ferruccio Covini fundou a Covini Engineering em 1974 na Itália com um foco bem definido: apaixonado por carros e por design, seu interesse maior era o de criar automóveis experimentais inovadores e dinâmicos.

De todos os projetos que tocou, nenhum deles foi mais exótico e interessante do que o Covini 6CW. Iniciada em 1974, a construção do supercarro parou em meados dos anos 80 porque muitos dos recursos pretendidos para equipar o bólido ainda não estavam disponíveis. Em 2003, com nova injeção de capital e tecnologia, o trabalho foi retomado e em 2004 surgiria um primeiro protótipo do 6CW.

Em 2005, o carro foi apresentado no Salão Internacional do Automóvel já em sua versão final e hoje ele é produzido na média de 6 a 8 carros por ano. Dono de um furioso propulsor traseiro de 8 cilindros e 440 cavalos , o Covini alcança com facilidade a máxima de 300 km/h. 

O curioso da máquina: Inspirado no modelo de F1 da Tyrrell, o P34, ele conta com um par extra de rodas na dianteira. Olhando assim, parece exagero, no entanto existe uma razão prática para essa excentricidade: menor risco de perda de controle do veículo no caso de um deles furar, menor risco de aquaplanagem, melhor frenagem, melhor aderência à pista, melhor conforto ao dirigir e melhor absorção de impactos frontais. Palavras do Ferruccio.

#3TVR Speed 12

O nome de batismo dessa fera é TVR Cerbera Speed 12, mas ele também já se chamou Project 7/12 ou simplesmente Speed 12. Idealizado e concebido em 1996, a meta do TVR era ser o supercarro mais potente do mundo e desbancar a vedete da época, o McLaren F1.

A intenção original do TVR era competir em LeMans, pela classe GT1. Infelizmente, as regras da competição mudaram antes do carro estar totalmente pronto para correr, impondo padrões de restrição à potência dos automóveis. E como essa era justamente a meta principal do carro, ser o mais rápido de todos, ele acabou tornando-se obsoleto mesmo antes de entrar na pista.

O curioso da máquina: A maior ironia da breve estória do TVR é o fato de que o seu maior trunfo também foi o motivo do seu fracasso. O carro era, simplesmente, o próprio demônio vestido de automóvel. O absurdo propulsor de 12 cilindros em “W” gerava tanta potência que ela nunca conseguiu ser medida de forma exata, apenas aproximada. O que acontecia é que o TVR explodia todos os dinamômetros que tentavam avaliá-lo. Todos!

Aquele que resistiu mais tempo cravou 1000 cavalos de potência antes de pegar fogo. E como se não bastasse, a manutenção desse motor monstruoso era caríssima. A coisa degringolou de vez quando Peter Wheeler, o proprietário da empresa na época, disse publicamente que o carro era impossível de ser utilizado tanto na pista, quanto na estrada.

Daí então, nem mesmo a emergencial mudança que limitava a potência do motor a “cândidos” 800 HP conseguiu segurar a clientela. Todos os pedidos foram cancelados e hoje, restam apenas 5 unidades dessa besta sobre rodas decorando a garagem de alguns sortudos (e ricos) colecionadores.

#4 KTM X-Bow

O X-Bow (pronuncia-se cross-bow) é um supercarro tão inovador e tão único que tiveram de criar uma categoria só para ele. Desenvolvido por uma pequena empresa austríaca especializada em motocicletas, a KTM, o X-Bow é diferente de tudo o que já se viu.

Equipado com um motor Audi de 2 litros sobrealimentado que gera impensáveis 400 cavalos de potência, o carrinho alcança números respeitáveis: vai de 0 a 100 km/h em 3,9 segundos, tem máxima de 217 km/h e pesa singelos 790 kg. Em termos de relação peso-potência, ele bate até mesmo vossa excelência, o Bugatti Veyron. Enfim, é a síntese de tudo o que se precisa para garantir a diversão em uma pista de corrida.

O curioso da máquina: praticamente tudo no X-Bow é curioso. A começar pela própria figura bizarra do carro. À primeira vista ele se parece com um kart gigante. E fica mais esquisito ainda na versão fechada, com para-brisa e teto, que é removível. E de acordo com os proprietários – e até mesmo o próprio fabricante –, o ato de colocar e tirar o teto é tão complicado que é mais fácil ficar mesmo levando vento gelado na cara.

A polícia de Mônaco tem um exemplar em sua frota para perseguir motoristas infratores. A combinação de ruas cheias de curvas e supercarros fugitivos, gerou uma demanda onde o X-Bow se encaixava como uma solução perfeita.

#5 Cizeta-Moroder V16T

Olhando para o Cizeta ele não parece familiar? Pois bem, o carro é fruto de um projeto elaborado por ex-funcionários da Lamborghini que trabalhavam no desenvolvimento do Lamborghini Diablo. Após o esboço ser rejeitado, eles decidiram se juntar, montar uma empresa própria e produzir o carro.

Nascia assim a Cizeta Company. O nome Moroder veio mais tarde, quando um compositor chamado Giorgio Moroder entrou como sócio da companhia. Os planos eram ambiciosos: vender um carro por semana, um plano difícil até para um simples carro de linha. O Cizeta tinha um motor bem interessante. Apresentado como um 16 cilindros, ele na verdade era uma junção de dois motores V8 montados de forma transversal que gerava 540 HP. O carro era recheado de itens de luxo, chegava a impressionantes 328 km/h de velocidade máxima e acelerava de 0 a 100 km/h em parcos 4 segundos.

O curioso da máquina: A estratégia maluca de vendas orquestrada pela companhia foi o estopim da queda. Entre 1991 e 1995 foram vendidos apenas 18 carros. Isso porque, além do desenho de gosto prá lá de duvidoso, ele custava exorbitantes US$ 625.000,00. E nesta faixa de preço existiam concorrentes melhores e mais bonitos. Depois de sucessivas brigas entre os sócios, a Cizeta fechou as portas e o V16T virou história.

Seja pelos números superlativos, pela exclusividade, pela beleza das linhas ou pela tecnologia sui-generis, os supercarros sempre chamam muito a nossa atenção. Talvez porque eles sejam um meio de testar limites, como altas apostas que podem terminar em um tremendo sucesso ou imenso fracasso – e o simples caminhar sobre essa linha tênue já nos desperta a admiração.

Maurício Souza

Profissional de TI, colecionador de miniaturas, apaixonado por carros, viciado em tecnologia e escritor amador nas horas vagas. Quando não está trabalhando ou jogando PS3, Mauricio Souza está explicando para as pessoas que ele não é o pai da Mônica.

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