O texto abaixo, sobre os benefícios psicológicos de ouvir músicas nostálgicas, foi publicado originalmente na revista Psychology Today, pelo dr. Shahram Heshmat.
A nostalgia consiste na combinação de dois sentimentos. Um deles é o prazer proveniente da memória de algo vivido, como a infância ou relacionamentos. O segundo é a dor causada pelo fato de esse evento ter se perdido para sempre e nunca mais poder voltar.
Estudantes que se formam na faculdade tendem a sentir-se ao mesmo tempo felizes e tristes. Universal e humana, a nostalgia é frequentemente experimentada por pessoas de todas as idades.
Em sua essência, a nostalgia é uma experiência emocional majoritariamente positiva, envolvendo reflexões relativas a memórias queridas – casamentos, formaturas, celebrações de feriados e férias – e proporciona inúmeros benefícios de teor psicológico.
Relembrar uma experiência prazerosa, como férias em família ou feriados de Ação de Graças, pode desencadear todas as emoções originais sentidas no passado, oferecendo um prazer nostálgico. É essa emoção positiva que pode motivar as pessoas a buscar a nostalgia.
A música tem o poder de transportar o ouvinte para tempos e lugares passados de sua vida, bem como para as emoções a eles vinculadas. Ouvir uma música que era frequentemente tocada durante um evento significativo da vida, como em uma celebração em família, pode desencadear uma profunda experiência emocional nostálgica.
O sentimento não está exatamente na música, mas no que ela nos faz lembrar. Uma canção pode liberar todos os tipos de sentimentos.
As memórias da nostalgia nem sempre são positivas. Aqueles que vivenciaram traumas significativos podem revivê-los a partir de músicas nostálgicas. No filme Casablanca, por exemplo, Rick proíbe o pianista de seu bar de tocar a música “As Time Goes By”, devido aos sentimentos de tristeza e de perda que esta lhe traz à memória.
Tendemos a lembrar mais das coisas que nos aconteceram na adolescência e no início da vida adulta do que de outros momentos de nossas vidas. A música desse período tende a permanecer conosco e evocar fortes memórias sempre que a ouvimos novamente. Ouvir as mesmas músicas repetidamente durante esse período pode fazer com que elas fiquem conosco por muito tempo. Para as pessoas mais velhas, a nostalgia evocada pela música pode trazer uma sensação de juventude e um sentimento de empoderamento.
A nostalgia pode ser considerada uma ferramenta de autorregulação que as pessoas usam para melhorar seu humor quando se sentem desanimadas. Quando o momento presente é estressante, a nostalgia nos oferece alívio. Isso pode explicar por que, em tempos de transição ou desafio, as pessoas tendem a experimentar mais nostalgia.
A nostalgia evocada pela música tem o potencial de agir como um amortecedor contra os estresses diários. Ela é capaz de afastar a solidão e de melhorar o bem-estar. Assistir a um filme antigo ou ouvir a música que gostávamos no ensino médio pode ajudar a aumentar nossa capacidade de nos acalmar durante um momento estressante. Como uma espécie de fuga temporária, a nostalgia pode nos levar a um tempo mais simples, com menos preocupações e obrigações.
Além disso, pesquisas mostram que a nostalgia tende a fazer as pessoas se sentirem mais socialmente conectadas. Pensar carinhosamente em tempos antigos com entes queridos é uma forma de aproximá-los, mesmo que estejam fisicamente distantes ou talvez não estejam mais juntos.
Por exemplo, casais com uma música especial (ou uma canção com letras significativas) que os lembra de um momento importante em seu relacionamento terão um vínculo mais forte.
Em resumo, a nostalgia é uma ferramenta poderosa que ajuda os indivíduos a lidar com os estressores da vida. Refletir sobre memórias pessoalmente significativas e queridas desempenha um papel crucial em nos ajudar a lidar com a dor e o estresse.
Quando experimentamos um humor negativo, podemos deliberadamente procurar ouvir uma música nostálgica para nos beneficiarmos da capacidade de elevação do humor da nostalgia.
Leitora ávida, aficcionada por chai latte e por gatos, a socióloga Camila escreve sobre desenvolvimento pessoal aqui no El Hombre.
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