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Os grandes concorrentes ao Palma de Ouro no Cannes 2015

E começou o Festival de Cannes nessa quarta-feira (13)! O mais famoso e prestigiado festival de cinema do mundo (que, atenção, não deveria ser considerado “melhor” nem “pior” que o Oscar) tem uma história riquíssima e é o sonho de inúmeros cineastas do planeta.

A simples presença de um filme, mesmo que não esteja concorrendo ao prêmio principal, pode ser o suficiente para alavancar e muito sua carreira. Vencedores da Palma de Ouro, então, têm um enorme potencial de chegarem no mundo todo, serem elogiados por todos os críticos, e até de estarem no Oscar.

Alguns dos filmes mais famosos da história do cinema começaram seu sucesso com o principal prêmio do festival, como A Doce Vida (La dolce vita, 1960) de Federico Fellini, Taxi Driver (1976) de Martin Scorsese, Apocalypse Now (1979) de Francis Ford Coppola e Pulp Fiction (1994) de Quentin Tarantino.

Mais do que isso, alguns diretores de grande sucesso apareceram pela primeira vez para os cinéfilos de todo o mundo ao ganharem a Palma de Ouro. Em 1946, o prêmio, que ainda não tinha esse nome, foi concedido a vários longas. Entre eles, Desencanto (Brief Encounter, 1945) e Roma, Cidade Aberta (Roma, città aperta, 1945).

Desencanto viria a ser indicado a 3 Oscars, e seu diretor, David Lean, viria a ser um dos diretores mais indicados na história dos Academy Awards, 7 vezes, ganhando o prêmio por A Ponte do Rio Kwai (The Bridge on the River Kwai, 1957) e Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia, 1962).

Roma, Cidade Aberta, além de um dos primeiros representantes do neorrealismo italiano, apresentou Roberto Rossellini ao mundo, um dos maiores nomes da história do cinema italiano, tendo sido inclusive indicado ao Oscar pelo roteiro de Paisà (1946).

O respeitadíssimo Robert Altman foi outro que apareceu para o mundo ao ganhar o prêmio máximo de Cannes, com MASH (1970). A comédia marcou também sua primeira indicação ao Oscar, feito que repetiria ainda com Nashville (1975), O Jogador (The Player, 1992), Short Cuts (1993) e Assassinato em Gosford Park (Gosford Park, 2001).

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David Lean foi premiado em Cannes e no Oscar

Steven Soderbergh ganhou a Palma de Ouro logo em seu primeiro longa-metragem, Sexo, Mentiras e Videotape (Sex, Lies and Videotape, 1989). O cineasta, que conseguiu a proeza de ser indicado ao Oscar de Melhor Direção duas vezes no mesmo ano, em 2001, por Traffic e Erin Brockovich, também fez outros sucessos, como a trilogia iniciada por Onze Homens e um Segredo (Ocean’s Eleven, 2001).

O Brasil também teve seu vencedor, O Pagador de Promessas (1962), de Anselmo Duarte. E dois documentários também já ganharam o prêmio: The Silent World (1956) – dirigido por Jacques-Yves Cousteau e Louis Malle – e Fahrenheit 11 de Setembro (Fahrenheit 9/11, 2004), de Michael Moore, o mais bem sucedido filme do gênero já produzido.

Nos últimos anos, a maioria dos vencedores do prêmio tornaram-se umas das obras mais aclamadas pelos cinéfilos do mundo todo, em suas respectivas temporadas, como A Árvore da Vida (The Tree of Life, 2011) de Terrence Malick, Amor (Amour, 2012) de Michael Haneke, e Azul É a Cor Mais Quente (La vie d’Adèle, 2013) de Abdellatif Kechiche.

Falando puramente em questão de Oscars, dos quase 100 filmes que já foram contemplados com uma Palma de Ouro (incluindo quando a honraria tinha outro nome), 12 foram também indicados às duas principais categorias da premiação estadunidense – sendo que Farrapo Humano (The Lost Weekend, 1945) e Marty (1955) foram os únicos a ganhar tanto o prêmio máximo do Oscar quanto o de Cannes.

Outros 6 foram indicados ou a Melhor Filme ou a Melhor Diretor, nos Academy Awards. E mais 12 foram indicados a Melhor Filme Estrangeiro, sendo que 4 levaram a estatueta. E ainda há Amor, que ganhou a Palma de Ouro, o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e foi ainda indicado aos dois Oscars principais.

E isso que neste texto todo, considerei apenas aquele que ganharam o prêmio principal de Cannes.

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Farrapo Humano faturou o prêmio máximo nos dois festivais

A DISPUTA

Mas e este ano, quais longas que disputam a Palma de Ouro – que será decidida por um júri presidido pelos irmãos Coen – podem iniciar, no festival francês, uma próspera carreira?

São 19 obras concorrendo.

Entre elas, Carol, de Todd Haynes, diretor de Não Estou Lá (I’m Not There, 2007), voltando a Cannes 15 anos após Velvet Goldmine. O novo longa é protagonizado por Cate Blanchett.

O francês Jacques Audiard, que já disputou o troféu 3 vezes, com Um Herói Muito Discreto (Un héros très discret, 1996), O Profeta (Un prophète, 2009) e Ferrugem e Osso (De rouille et d’os, 2012), agora volta com Dheepan.

O canadense Denis Villeneuve, famoso por Incêndios (Incendies, 2010), Os Suspeitos (Prisoners, 2013) e O Homem Duplicado (Enemy, 2013), esteve no festival em 2008, com o curta Next Floor, e agora com o longa Sicario, que conta com Benicio del Toro, Josh Brolin e Emily Blunt no elenco.

O italiano Paolo Sorrentino é um veterano em Cannes, com 5 longas presentes. Mais recentemente, marcou presença com Aqui É o Meu Lugar (This Must Be the Place, 2011) e A Grande Beleza (La grande bellezza, 2013). Seu novo Youth traz um elenco de peso, com Michael Caine, Paul Dano, Jane Fonda, Harvey Keitel e Rachel Weisz.

Nanni Moretti é outro italiano veterano, já tendo concorrido 6 vezes ao prêmio. A última vez foi em 2011, com Habemus Papam. Este ano, sua tentativa é com Mia madre.

Bem menos veterano, o também italiano Matteo Garrone já disputou a Palma de Ouro com Gomorra (2008) e Reality (2012). Seu Il racconto dei racconti tem John C. Reilly, Salma Hayek e Vincent Cassel.

O pouco conhecido grego Yorgos Lanthimos também reuniu um elenco interessante para seu The Lobster, também com John C. Reilly. Além dele, Collin Farrell, Léa Seydoux e Rachel Weisz. Antes, esteve no festival com Dente Canino (Kynodontas, 2009), mas sem concorrer à Palma de Ouro.

O ainda menos conhecido Justin Kurzel, da Austrália, que fez muito sucesso em Cannes em 2011, com Snowtown, traz Michael Fassbender e Marion Cotillard em uma adaptação de Macbeth.

Mas o concorrente mais famoso deste ano é Gus Van Sant, indicado ao Oscar por Gênio Indomável (Good Will Hunting, 1997) e Milk (2008), vencedor da Palma de Ouro com Elefante (Elephant, 2003) e ainda indicado outras duas vezes. Agora, apresenta The Sea of Trees, com Matthew McConaughey, Naomi Watts e Ken Watanabe.

Nós próximos dias, veremos quais dessas obras farão sucesso no festival francês e, depois, no mundo todo.

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The Sea of Trees é o filme de Gus Van Sant
CD Vallada
CD Vallada
Formado em cinema pela FAAP, o paulistano CD Vallada foi colunista do Portal Higi e hoje traz suas análises da indústria cinematográfica ao El Hombre.