Dia 14 de agosto estreou As Tartarugas Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles), reboot da trilogia que foi de 1990 a 1993. O filme já tem uma continuação prevista para 2016, o que confirma a chance de sucesso dos estúdios ao investirem nesse tipo de produção: o reinício de uma franquia.
Refilmagens são comuns em Hollywood, há muito tempo. O famoso Ben-Hur, de 1959, vencedor de 11 Oscars, já era remake de um filme de 1925. Mas nos últimos anos, cada vez mais, temos visto uma aposta forte em outro tipo de releitura de obras cinematográficas anteriores.
Antes de qualquer coisa, qual é a diferença entre reboot e remake?
As definições não são muito claras. Poderíamos dizer que o remake é uma história refeita com poucas alterações em relação ao filme original, enquanto um reboot é o uso dos mesmos personagens e premissa parecida, para se contar algo diferente. Ou que um remake é quando se refaz um filme e um reboot é quando se refaz uma série de filmes – ou algo que se pretendia ser uma série.
Mas ainda assim, há casos em que não fica muito claro como devemos chamar.
Na década passada, séries clássicas do terror ganharam seus reinícios. O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre, 2003), Halloween – O Início (Halloween, 2007), Sexta-Feira 13 (Friday the 13th, 2009) e A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, 2010) conseguiram chamar o público de volta, o que costuma ser o principal objetivo de um estúdio, quando vai por esse caminho.
Normalmente, reboots são feitos quando uma franquia começa a se desgastar demais. Muitas vezes, já faz mais de uma década que o último capítulo foi produzido, sem muito sucesso. Aí, os produtores usam esse novo início para chamar um público ávido por aqueles personagens, o que dá certo, frequentemente.
Diferentemente do que aconteceu com o Homem-Aranha, por exemplo. Após o fracasso de crítica e sucesso comercial de Homem-Aranha 3 (Spider-Man 3), em 2007, a Sony precisava continuar fazendo filmes do herói para não perder os direitos. Mas após a saída de Sam Raimi de uma possível sequência, a solução encontrada foi recontar o início da história, agora com novo vilão e novo par romântico, em O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man), em 2012, apenas 3 anos depois do terceiro filme, e 10 anos após o primeiro.
O curto intervalo de tempo para um reboot foi mal recebido por fãs, mas a produção conseguiu seu sucesso comercial, ainda que com uma bilheteria abaixo de qualquer capítulo da trilogia de Raimi.
Há também o caso dos X-Men. A intenção de Matthew Vaughn, em X-Men: Primeira Classe (X-Men: Primeira Classe, 2011) era fazer um reboot. Mas a obra – apesar de um excelente filme – era meio bipolar, sem se decidir se estava reiniciando ou apenas contando um início anterior da história. Até pelo capítulo seguinte, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past, 2014), a produção foi considerada muito mais um prequel, ou seja, a história que vem antes do primeiro filme lançado.
Hollywood está sempre pensando em novos reboots, já que a fórmula é, definitivamente, um sucesso. Para os próximos anos, já estão confirmadas as voltas de O Quarteto Fantástico e Poltergeist, por exemplo. Além do aguardado Batman vs Superman: Dawn of Justice, que serve como sequência para O Homem de Aço (Man of Steel, 2013), mas como um reinício para o Batman, agora dentro do universo DC Comics.
Enquanto ainda não sabemos o quão certo esses filmes darão, vamos ver quais foram os maiores acertos do cinema nesse tipo de produção.
5# Dredd, 2012
Eu sei, eu sei… Eu disse que reboot é quando se refaz uma série de filmes, e nem O Juiz (Judge Dredd, 1995), nem Dredd tiveram continuações. Mas eu também disse que as definições não são muito claras. E chegaram a especular uma sequência para o filme de 2012, algo para o qual muitos fãs torciam bastante. Além de que as duas obras são completamente diferentes uma da outra.
Enfim, apesar de não ter ido bem nas bilheterias, tendo ganhado pouco mais de 35 milhões de dólares pelo mundo (o de 1995 passou os 113 milhões), a crítica considerou a produção estrelada por Karl Urban muito, mas muito superior à estrelada por Sylvester Stallone. E com muita razão.
4# Star Trek, 2009
Star Trek, ou Jornada nas Estrelas, para as produções mais antigas, tem uma longa e numerosa história na TV e no cinema, mas permanecia como algo distante daqueles que não eram grandes fãs do seu universo. Até que J. J. Abrams chegou para revitalizar a série e levá-la ao grande público, sem desagradar os trekkers. Notável sucesso de público e incrível sucesso de crítica, ainda manteve a qualidade em sua continuação, Além da Escuridão (Star Trek Into Darkness, 2013).
No sentido de popularizar uma franquia, talvez Star Trek tenha sido o mais bem sucedido reboot de todos os tempos. E fez isso com um ótimo filme de ficção científica e ação.
3# 007 – Cassino Royale, 2006
Não se engane pela permanência de Judi Dench como M, isso é sim um reboot. Outra série com muita história no cinema, James Bond ganhou seu reinício em 2009, na pele de Daniel Craig, em 007 – Cassino Royale (Casino Royale). Trazendo um herói mais realista e humano, o filme ainda brincou com algumas das marcas da série, como inserindo a famosa “subjetiva do revólver” dentro de uma cena e fazendo-o dizer “Bond, James Bond” apenas no final.
Apesar do fraco segundo filme da nova série, o terceiro, 007 – Operação Skyfall (Skyfall, 2012), conseguiu não apenas manter a qualidade de Cassino Royale, como ganhar 5 indicações ao Oscar e muito mais bilheteria que qualquer outra produção da franquia.
2# Planeta dos Macacos: A Origem, 2011
Dez anos após a criticada tentativa de Tim Burton de levar a história de volta aos cinemas, veio Planeta dos Macacos: A Origem (Rise of the Planet of the Apes), que se propôs a contar, como o título em português diz, a origem do famoso cenário distópico que conhecemos.
Com uma história bastante preocupada em desenvolver o que viria a ser o protagonista dessa nova franquia, a obra foi amplamente elogiada. Protagonista, aliás, que contou com uma incrível tecnologia de performance capture e uma excepcional interpretação de Andy Serkis. Depois, veio Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes, 2014), o maior sucesso da série, tanto financeiramente quanto pela recepção, de público e crítica.
1# Batman Begins, 2005
O primeiro lugar não teria como ficar com outra franquia. O Batman teve três diretores no cinema, nas últimas décadas. Em 1989 e 1992, Tim Burton fez dois bons filmes e criou um marco dos super-heróis em Hollywood. Em 1995 e 1997, Joel Schumacher continuou a saga, se esforçando bastante para que o homem-morcego nunca mais voltasse às telonas, entregando um filme bem mediano e depois um verdadeiro desastre, ou uma paródia mal compreendida.
Mas em 2005 Christopher Nolan levou realismo ao herói, recontando suas origens e fazendo 3 das mais elogiadas produções do gênero. Principalmente o segundo, Batman – O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008), uma obra sombria, profunda e reflexiva. Mais lucrativo e mais elogiado capítulo da franquia, dizem que sua ausência entre os concorrentes ao Oscar de Melhor Filme foi fator determinante para que a Academia ampliasse o número de indicados.
E Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, 2012) pode não ter o mesmo brilhantismo de seu antecessor, mas conseguiu fechar muito bem a trilogia que mostrou que filmes de super-heróis não são mero divertimento. Esse sim, um reboot não apenas compreensível, bem-vindo e bem feito, mas necessário ao cinema.
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