Já ouvi algumas pessoas dizerem que não são muito chegadas em doce e recusarem com invejável facilidade um chocolate ou um mousse de maracujá. Eu, infelizmente, não faço parte desse grupo. Para mim, uma refeição não é perfeita se não termina com um doce. Muito menos o lanche da tarde. Nada contra as frutas (que eu até gosto), mas chega a ser covardia querer comparar um com o outro.
Contudo, esse tipo de alimento passou a ser visto como um vilão e, há tempos, vem pesando em nossa consciência. Mas por quê? A sabedoria já nos diz que qualquer coisa em excesso faz mal à saúde. Muito bem, essa é uma informação, de tão batida, dispensável. Mas você sabe os motivos pelos quais não devemos comer doce em demasia?
Nesse texto iremos analisar um desses motivos: o açúcar.
O açúcar é um tipo de carboidrato e o carboidrato é um nutriente necessário para o bom funcionamento do nosso organismo – logo, o açúcar é essencial para nosso corpo. É ele o responsável por providenciar boa parte da reserva energética que a máquina humana necessita para o dia a dia; é ele o combustível mais importante para o nosso organismo. Além disso, a glicose (um tipo de açúcar) é essencial para o funcionamento do cérebro, já que ela é a principal fonte de energia para o órgão, uma vez que as gorduras, proteínas e outras fontes energéticas não servem para “alimentá-lo”.
O açúcar pode ser encontrado em alimentos orgânicos ou processados, sendo que nos doces convencionais ele está presente em grande quantidade. Bem, se precisamos dessa substância e os doces a oferecem em abundância, então vamos comer doce, certo? Sim – se você souber o que está fazendo.
Estou com um Sonho de Valsa de 22g em minhas mãos. Sua tabela nutricional me diz que o produto carrega 11g de açúcar. A recomendação da OMS é de que o consumo de açúcar seja de no máximo 10% do valor energético de sua dieta diária. Uma dieta de referência costuma ter 2000kcal por dia e a embalagem do açúcar aqui de casa informa que em 5g da substância se obtém 1% desse valor. Fazendo as contas, concluiremos que 50g é a quantidade máxima que deveríamos consumir de açúcar por dia. Portanto, comendo esse chocolate – que não para de me encarar – eu já ultrapasso 20% do valor que a Organização Mundial de Saúde aconselha. Considerando que durante o dia eu ingiro diversos alimentos que também carregam açúcar em sua composição, a meta acima citada certamente ficará para trás. Percebeu os problemas de um simples Sonho de Valsa? E eles não param por aí.
A ingestão desse tipo de alimento (que permite uma absorção muito rápida de açúcar) causa um pico de insulina (hormônio responsável por reduzir a taxa de glicose no sangue). Uma vez ou outra essa reação não provocará grandes males – mas, se repetida constantemente, é fator com grande potencial de desenvolvimento do diabetes, pois as células do pâncreas ficarão fadigadas e encontrarão dificuldades para produzir a insulina. O excesso de açúcar ainda está associado à obesidade, à problemas dentários e, entre outras consequências, ao envelhecimento. Isso porque a substância em demasia “carameliza” as células do corpo pelo processo oxidativo comprometendo seu funcionamento.
O açúcar é importante, mas tem valor apenas energético, calórico – e não nutricional. Procure consumir fontes integrais de açúcar (biscoitos integrais, arroz integral e coisas do gênero), que, além de oferecer nutrientes importantes, proporcionam uma absorção mais lenta do carboidrato e exigem menos do pâncreas. Uma outra alternativa interessante são os chocolates amargos: 25g desse alimento, apesar das gorduras e açúcares, compensa por conta dos benefícios do cacau.
Agora, se nada disso vai aliviar sua vontade de abusar dos doces, tente pensar na morena comprometida do trabalho. E lembre-se que a tentação poderia ser pior.
