Eu sempre fiquei intrigado com a realidade das pessoas pagarem – e pagarem caro – por uma substância nociva e que não dá barato, o cigarro. Também me deixa muito curioso o fato dessas pessoas acabarem se envolvendo numa situação de dependência que não precisava existir.
Antes de se viciar no cigarro, não se precisa do cigarro.
Sim, eu sei que essa questão é mais profunda. O cigarro não é a única substância que atua dessa forma e poderíamos entrar na argumentação de que o pigas ajuda em alguns aspectos o fumante (ansiedade, nervosismo e blá, blá, blá).
Mas eu só precisava começar o texto de alguma forma – e comecei. Então prossigamos.
A questão é o seguinte: o Pedro Cohn, nosso homem das finanças (que está abandonando o barco para ir para a Califórnia. Bastardo!), sempre foi um fumante inveterado. Bem, sempre não, claro. Mas desde seus 15 anos (acabou de completar trintão) fumou como Estelle, aquela agente maluca do Joey.
Apesar de conhecê-lo desde seus 10 anos, não me lembro do Pedro não fumante. Para mim ele já tragava despreocupadamente quando jogávamos “007 – Goldeneye” na saudosa década de 90.
Por isso, ele seria a última pessoa que eu diria que um dia pararia de fumar. O Cohn era aquele cara que casava perfeitamente com o cigarro, sabe? Você deve ter um amigo assim, que perde a personalidade quando você pensa nele não fumante (quer uma dica? Tagueie-o nesse texto).
Mas Pedro Cohn me surpreendeu e parou de fumar. E foi tipo assim – do nada. Ele falou: “Vou parar de fumar fazendo isso, isso e isso”.
Dito e feito!
O rapaz foi tão objetivo que me pareceu absurdamente simples parar de fumar. Eu até cheguei a pensar que as pessoas que não conseguem são moles.
Mas, compreendo, não é bem assim.
Apesar de seu método prático e efetivo, Cohn admitiu que parar de fumar foi bem foda. Mas rolou!
Então quem sabe não seja foda mas role com você também? Sério, se ele parou, qualquer um nesse mundo pode. O nego fumava tanto, que seu carro tem resquícios de cinzeiro até hoje, 9 meses depois.
O que mais me surpreendeu nessa história do Cohn, foi a aplicação disciplinar que ele teve para seguir sua estratégia. Não foi nenhuma estratégia mirabolante – mas ele tinha uma e seguiu (inclusive, lembra muito a história de Lucas Barros, que falamos há pouco tempo). Quer ver?
Eis seu plano:
– Traçar uma data para parar de fumar cigarro normal;
– Passar a fumar cigarro eletrônico;
– Traçar uma data para parar de fumar cigarro eletrônico;
– Pronto!
Difícil ser mais simples do que isso.
Poderíamos aqui passar mil fórmulas para você tentar largar o cigarro – mas o Pedro é uma prova de que tudo isso é balela: basta ter vontade. Claro que essas fórmulas podem funcionar, mas não são necessárias. Você só precisa acreditar nisso.
A EMPREITADA DE COHN
No final do ano passado, Pedro Cohn viajou de férias para Los Angeles e botou na cabeça: “quando voltar nunca mais vou fumar cigarro normal na minha vida”. Então no aeroporto de lá, quando estava para embarcar de volta, acendeu e degustou seu último pigas. Depois disso, apesar das vontades arrasadoras, nunca mais fumou cigarro normal.
Já tendo a estratégia em mente, em LA ele comprou um cigarro eletrônico (a venda desses equipamentos é proibida no Brasil). Sabendo que uma mudança sólida é uma mudança progressiva, adquiriu também três líquidos com níveis diferentes de nicotina. Começaria pelo mais forte e passaria para o mais fraco até parar totalmente.
Assim que chegou no Brasil, começou essa nova etapa com o cigarro eletrônico. E assim foi por 3 meses.
Pedro diz que esse equipamento foi essencial para parar de fumar, porque ele ajuda no combate ao vício psicológico que o cigarro traz e que, todos sabemos, é fortíssimo.
O eletrônico não alimenta as questões psicológicas que o cigarro normal acarreta, como, por exemplo, o aspecto social. “Então você não tem vontade de fumar. Fuma só quando está muito na fissura da nicotina”, diz o homem das finanças.
Por isso, é natural que se comece a diminuir a frequência das tragadas quando se passa para o eletrônico.
E então chegou um momento, quando Pedro estava usando o líquido de nível mais fraco, que decidiu que largaria o cigarro eletrônico no dia X. E quando chegou o dia X, foi isso o que ele fez.
Sem milagres – apenas vontade.
Tudo pode parecer muito simples, mas, como comentei, ele disse que parar de fumar foi uma das coisas mais difíceis que já fez na vida. Até hoje tem vontade de tragar e admite ter medo de voltar com o hábito.
Mas eu duvido que isso aconteça – assim como duvidava que ele pararia de fumar.
Você pode estar se perguntando o que o motivou a se jogar com tamanha determinação nessa empreitada. Pode parecer engraçado e paradoxo, mas seu desejo era emagrecer.
“Emagrecer? Que burro!” Opa, vamos com calma, leitor.
Veja seu raciocínio genial (não, não é nada genial, na verdade): para emagrecer ele teria que correr muito; e para correr muito teria que ter um bom condicionamento aeróbico; e para isso teria que parar de fumar.
Ele só se esqueceu (diz que não esqueceu) que quando largasse o hábito iria comer com mais descontrole do que mulher na TPM, sabotando seu plano de emagrecimento.
De qualquer forma, foi isso o que Pedro fez. Ele parou de fumar, parou de comer carne, está controlando a alimentação e está malhando (outra coisa que eu apostaria meu braço que ele nunca ia fazer).
Muito bem. Palmas para ele!
Portanto, caro leitor, a ideia aqui é mostrar que você pode recorrer a estratégias super complexas e promissoras para largar o vício do cigarro – mas se não tiver vontade, não vai conseguir. E não confunda vontade com desejo. A vontade é o que nos faz alcançar as coisas – o desejo é o que nos faz sonhar.
Se você tiver a primeira, vai ser foda, mas vai rolar.
Sacou?
Agora, se estiver muito difícil, disque 0800 Pedro Cohn e agende uma consultoria pessoal. A gente faz um precinho camarada se você disser que leu esse texto.
*Se quiser umas dicas de cigarro eletrônico, o Pedro fez esse texto aqui antes de largar o vício: “5 cigarros eletrônicos que vão te ajudar a parar de fumar”.