Quem nunca teve o capricho de querer ser o número 1 em qualquer coisa? O ser humano é um bicho competitivo por natureza. E, no caso dos homens, por causa da alta concentração de testosterona no organismo, essa característica é ainda mais acentuada.
Não bastasse a questão biológica, vivemos num mundo cada vez mais acelerado e exigente, em que sofremos pressão o tempo inteiro. Não importa o nosso desempenho nos estudos, no trabalho, no esporte – ele sempre precisa melhorar. Por quê? Para sermos o número 1.
Mas você já se perguntou onde essa obsessão está nos levando?
Assisti alguns dias atrás um documentário muito interessante no Philos chamado Fast Forward: O Tempo Hoje. Um trader francês, cansado da rotina insana na Bolsa de Valores, decide se tornar professor. Mas ele repara que os estudantes também estão vivendo sob uma pressão enorme e, então, resolve produzir um documentário sobre a aceleração do mundo atual.
Um dos entrevistados do filme, o filósofo e sociólogo alemão Hartmut Rosa, especializado em vida moderna, relata uma conversa que teve com o pai de um aluno da universidade em que leciona. O pai diz que “ensinou seu filho a ser sempre o número 1 da classe”. E, então, Hartmund responde: “Se todos os pais fizessem isso, teríamos 29 perdedores e apenas 1 vencedor na sala.”
Seria bom para o emocional dos alunos? É evidente que não. A consequência: uma geração de pessoas frustradas, enquanto o rapaz solitário do topo viveria sobre uma pressão sufocante, sempre com medo de perder o lugar. Provavelmente teria depressão ou crise de ansiedade em algum momento.
Se você quer ser infeliz, um hábito bastante eficaz é ficar se comparando com os outros, porque isso tira todos os méritos das suas conquistas. Quando você acha que ser “bom” não é o suficiente, precisa ser “o melhor” sempre, está andando numa trilha perigoso, porque enquanto o primeiro cenário depende apenas de você, o segundo está ligado também a fatores externos fora do seu controle.
Ter uma rivalidade saudável pode ser até positivo para o desenvolvimento pessoal, mas desde que você não deposite sua felicidade no resultado – e, sim, no processo do esforço. Esse é um detalhe que faz toda a diferença.
Aqui no El Hombre sempre defendemos a filosofia de que devemos tentar ser um pouquinho melhores do que éramos ontem. Sem grandes exageros, como numa maratona. Um passo por vez. Ser superior ao seu antigo eu: essa é a verdadeira nobreza, para citar Hemingway, um dos maiores escritores da história. Porque não há nada nobre na obsessão em querer ser melhor do que seus semelhantes.
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