Fui criada por pais realmente rigorosos e superprotetores. Já que você clicou neste artigo, há chances de que você também tenha sido. Disciplina. Sucesso acadêmico. Regras, regras, regras. Toque de recolher diário. Mais algumas regras.
Soa familiar? Se sim, trago algumas notícias. Você pode ter desenvolvido traços específicos como resultado da sua criação – alguns ótimos, outros nem tanto (obrigada, pai.) Vamos nessa!
Crescendo, eu nunca confiei em mim mesma para tomar a decisão certa. Todos os meus processos de pensamento eram baseados em uma pergunta: “Isso deixaria meus pais irritados?”
Esse hábito insalubre continuou na minha vida adulta. Muito tempo depois de ter saído da casa dos meus pais, eu ainda estava cheia de dúvidas. Meu trabalho acadêmico era bom o suficiente? Eu fazia a lavanderia direito? Meus hábitos alimentares eram saudáveis?
Em cada passo, eu tinha que pedir ajuda aos meus amigos. Agora que meus pais não estavam mais lá para me dizer o que fazer, eu estava por conta própria – e não me sentia suficientemente autossuficiente para fazer tudo sozinha.
Importante dizer, isso não era porque eu era inerentemente incapaz. Eu não era. O problema tinha tudo a ver com a minha autoestima. Eu simplesmente não acreditava em mim mesma.
Se você luta para se sentir confiante e seguro de si, o que você pode fazer para obter aquele pequeno impulso no ego? Bem, crescer com pais rigorosos ensina uma coisa com certeza: a conquista acadêmica é de extrema importância. É o que deixa seus pais orgulhosos. É o que garante que eles te levem para tomar uma sobremesa ou te recompensem com um par de sapatos bonitos. Mais importante, é o que ajuda você a “ganhar” o amor e a afeição deles.
Como consequência, você pode passar a vida inteira pensando que as conquistas externas são a maneira mais eficaz de receber amor e validação.
Com o tempo, essa ideia fica tão enraizada em sua mente que você não precisa mais dos seus pais para se sentir bem consigo mesmo quando tira um A ou ganha um prêmio – a própria conquista é suficiente para fazer você se sentir digno.
Como se você importasse, afinal.
Se isso toca você, quero que você lembre que, uma vez que todas as notas e promoções e prêmios são retirados, uma vez que você está nu em sua humanidade comum… você ainda é digno de amor.
Você não deveria ter que fazer algo especial para merecer atenção e gentileza. Você já é especial. Porque você existe. E isso é suficiente.
Provavelmente não é surpresa que a superproteção dos pais esteja ligada à ansiedade e à desregulação emocional nas crianças. Pessoalmente, sempre fui uma pessoa incrivelmente ansiosa.
Como eu temia que cada erro da minha parte desse origem a uma discussão em casa ou algum tipo de punição (eu era castigada pelas menores coisas, como chegar em casa alguns minutos atrasada), eu estava sempre cheia de preocupação e estresse. Viver minha vida parecia andar na ponta dos pés ao redor de uma bomba-relógio.
A boa notícia é que agora não estou nem perto de ser tão ansiosa quanto costumava ser. Alguns anos depois de me mudar da casa dos meus pais, percebi que minha ansiedade era um grande problema – ela me impedia de fazer amigos, falar em sala de aula e, às vezes, até de pedir uma xícara de café – e comecei a trabalhar ativamente em mim mesma.
Se você está no mesmo barco, recomendo que leia Dare: The New Way to End Anxiety and Stop Panic Attacks Fast, de Barry McDonagh. Me ajudou bastante.
As fronteiras emocionais entre pais superprotetores e seus filhos são… bem, turvas, para dizer o mínimo. Como você não tem muita autonomia sobre suas ações e está sob o que parece ser um constante estado de vigilância, você pode começar a associar seu comportamento às emoções de seus pais.
Claro, todos nós fazemos isso – até certo ponto. Quando se torna demais, no entanto, você pode sentir que os sentimentos de seus pais são sua responsabilidade de carregar.
Durante o processo de navegar e gerenciar suas emoções e as deles, torna-se quase impossível para você estabelecer limites emocionais saudáveis e ganhar algum senso de independência como indivíduo.
Levei esse modo de pensar para a vida adulta e tive alguns relacionamentos desfeitos devido às minhas tendências de agradar as pessoas e minha incapacidade de defender a mim mesma.
Só então aprendi a estabelecer algumas regras básicas para mim e comecei a trabalhar no meu comportamento de agradar as pessoas.
Como você pode perceber pelo que compartilhei até agora, minha criação me levou a duvidar de mim mesma e a faltar autossuficiência. No entanto, essa não é a única maneira de as pessoas lidarem com pais rigorosos. Na verdade, alguns de nós decidem seguir um caminho completamente diferente – o da rebeldia e hiperindependência.
No momento em que você escapa das correntes da adolescência, você se sente livre como um pássaro. E decide nunca mais depender de ninguém novamente, porque você associa esse sentimento com restrição e controle limitado. Isso é completamente compreensível.
Se você levar isso longe demais, no entanto… bem, muita independência pode levar ao isolamento, que leva à solidão, o que tem um impacto incrivelmente negativo no seu bem-estar. Está tudo bem em confiar em outras pessoas para obter ajuda. A ótima notícia é que agora que você é adulto, você é livre para escolher em quem confia.
Ok, vamos passar para algo um pouco mais positivo! Nem todo traço que você ganhou através de uma criação superprotetora e rigorosa é ruim.
Eu, por exemplo, valorizo imensamente minha forte força de vontade. Se há uma coisa que meus amigos sempre me elogiam, é minha determinação e natureza trabalhadora embrulhada em um pacote bonito e arrumado de autodisciplina.
Mas eu não tropecei nesse traço por acaso. Não. Já que meus pais me criaram para buscar sucesso acadêmico e trabalhar duro para fazer algo de mim mesma, aprendi desde cedo o quão importante era a autodisciplina para realizar as coisas.
Enquanto meus amigos jogavam videogame, eu fazia minha lição de casa. Enquanto eles aproveitavam cada dia como vinha, eu já estava pensando em possibilidades de carreira futura.
Isso não é para dizer que o modo de vida deles era pior ou menos valioso de alguma forma, é claro. Era apenas diferente. O que vou dizer, no entanto, é que minha autodisciplina torna minha vida adulta muito mais fácil. Enquanto meus amigos lutam para gerenciar seu tempo e sempre se sentem ocupados e sobrecarregados, meus dias são geralmente estruturados, produtivos e prazerosos.
Há uma citação de Richard Kadrey que eu realmente gosto: “Quando você nasce em uma casa em chamas, você acha que o mundo inteiro está em chamas. Mas não está.” Concordo plenamente.
Ser criado por pais rigorosos e superprotetores estabelece a base para como você aborda todos os relacionamentos em sua vida, e infelizmente, está longe de ser saudável.
Sempre tive dificuldade de me defender nas minhas amizades, por exemplo. Passei muitos anos me cercando de amigos que me rebaixavam, me faziam sentir emocionalmente esgotada e sempre tinham a última palavra.
Por muito tempo, fui completamente cega para isso. Olhando para trás, percebi que essas amizades imitavam a dinâmica que eu tinha estabelecido com meus pais e, como eu não sabia de melhor, pensei que era o padrão.
Foi só quando deixei a casa em chamas que percebi que o resto do bairro estava perfeitamente bem. Lentamente, mas com certeza, percebi que eu merecia algo melhor.
Quando você permite que seus filhos tenham um senso de autonomia e liberdade, eles são menos propensos a mentir para você do que se você estabelecer regras rigorosas e mantê-los em padrões impossivelmente altos. Não é irônico?
Bem, faz sentido quando você pensa sobre isso. Eu sempre soube que se eu contasse a verdade sobre algumas coisas que eu fiz, haveria punição e gritos, então eu simplesmente… mentia. E funcionava.
Também prometi a mim mesma que faria o meu melhor para ter um relacionamento saudável e aceitável com meus futuros filhos para que eles não tivessem que mentir para mim também.
É um trabalho árduo manter pais rigorosos felizes e orgulhosos. Suas expectativas são tão altas que superá-las é quase impossível.
Isso não faz com que seus filhos trabalhem menos, no entanto.
Enquanto considero minha natureza trabalhadora como um dos meus pontos fortes, demorei um pouco para aprender a parar de me esgotar trabalhando.
Então, se você também é um trabalhador árduo… quero que você saiba que seu valor não está ligado à sua produção. É uma parte inerente da sua pessoa. Pare por um segundo. Faça uma pausa.
Artigo escrito por Eliza Hartley no site Ideapod, traduzido ao português pelo El Hombre
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