Popó ao ELH: “O campeão voltou”

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O olhar é de uma criança ansiosa por brincar com seu mais novo presente de Natal. A determinação está escancarada na maneira como explica a decisão de retornar aos ringues. A rapidez em sua fala ao responder perguntas parece com a agilidade técnica ainda presente em seus golpes.

“Por isso eu digo, o boxe não me parou, eu parei com o boxe. Ele está ali me esperando para voltar. Agora eu voltei.” Este é Popó, o tetracampeão mundial de boxe, em entrevista para o El Hombre.

Ele é dono de um cartel de dar inveja para qualquer experiente pugilista. São 39 vitórias e duas derrotas, com quatro conquistas de cinturões mundiais. Aos 39 anos, Acelino Freitas retornará aos ringues no dia 6 de junho na cidade de Santos, depois de três anos do seu anúncio de aposentadoria pela segunda vez. O último duelo do baiano foi em junho de 2012, em Punta Del Leste, no Uruguai, quando derrotou o também brasileiro Michael Oliveira por nocaute no nono round.

“Todos os grandes campeões de boxe têm 35 anos ou mais. Não tem limite de idade. Não é porque tenho 39 anos que não posso voltar a lutar. Se você se cuidar, consegue. E eu programei meu corpo a vida inteira de uma forma saudável para conseguir. Por isso, vou voltar”, disse. “O campeão voltou.”

A idade avançada realmente não é um problema no boxe profissional. O americano Floyd Mayweather tem 38 anos, enquanto o filipino Manny Pacquiao tem 36. Ambos vão lutar no dia 2 de maio, em Las Vegas, no combate que já é considerado a “Luta do Século“. A experiência trouxe qualidades ao tetracampeão mundial.

“Não mudou muito o estilo. Muita coisa muda pra melhor. Fico mais técnico, sem tanta afobação. Vou com mais cautela. Na idade que estou a colocação vale mais que a rapidez. Quero fazer do boxe a minha brincadeira e sempre como se fosse a última vez que vou lutar.”

Serão três lutas a princípio. A primeira deve ser contra o mexicano Juan Manuel Marquez. Este é, ao menos, o desejo de Popó. “Se a primeira luta for rápida, devem rolar as três lutas ainda neste ano. Provavelmente seja.”

Título mundial? Mais um pra carreira? Não é o pensamento do momento.

“Minha preocupação é com o povo e amantes do boxe. Título mundial não é a minha meta. Foram quatro cinturões. Quero mostrar o que fui e posso ainda ser no boxe para as pessoas que não tiveram a oportunidade de me ver no ringue. Quero mostrar pra garotada quem foi o Popó.”

Teremos, portanto, a chance de rever um ídolo brasileiro em ação. Levantará o moral de um esporte que está sem brilho depois do topo atingido por Popó e, no passado, por Éder Jofre e Maguila. A nova geração, encabeçada por Esquiva Falcão no boxe profissional, precisa aprender com estas três lutas do grande campeão brasileiro.

“Minha intenção (com o retorno) é alavancar o boxe que anda um pouco esquecido. Quero mostrar a minha cara para o esporte mais uma vez”, finalizou Popó — experiente, mas com vontade de um menino para entrar novamente no ringue.

Felipe Piccoli

Felipe Piccoli é especializado em jornalismo esportivo desde 2008. Com passagens pela Rádio Bandeirantes e pelo jornal Marca Brasil, hoje ele é coordenador de reportagem da Band.

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