Não foram somente os torcedores do Botafogo que rejeitaram a ida do agora aposentado Seedorf para o comando técnico do Milan-ITA. Ídolos do clube italiano e conterrâneos do ex-craque do Fogão não ficaram contentes com esta história. Estas são as visões de nada menos que Marco van Basten e Ruud Gullit, que foram personagens de destaque no clube italiano na conquista do título da Liga dos Campeões da Europa em 1989 e 1990. Eu, entretanto, penso diferente deles.
Vamos primeiro às contestações dos ídolos. Marco van Basten, ex-técnico da seleção da Holanda e hoje no clube holandês Heerenveen, disse que o Milan deveria ter contratado um técnico experiente. De acordo com ele, o Milan está correndo um grande risco com esta aposta. “O Milan é um clube imenso que atualmente sofre com uma série de problemas”, afirmou Van Basten à TV holandesa NOS. “Eu acho que eles poderiam ter escolhido um técnico experiente.”, completou. Eu discordo. Quem tem mais a perder é o Seedorf, que pode manchar sua trajetória gloriosa no clube. E não o Milan.
Já Ruud Gullit ficou surpreso com a escolha. “Clarence não tem experiência como técnico e vai ter provar a si mesmo rapidamente”, foi o que disse Gullit à mídia holandesa.
Sei que as opiniões dos ídolos holandeses são relevantes pelo fato de terem vivido o dia a dia do clube italiano. Mas eu, amigos, gosto da ideia de uma referência como técnico. Posso ser muito otimista, mas vejo uma capacidade no Seedorf igual ao do Pep Guardiola quando assumiu o comando técnico do Barcelona. De maneira brilhante, por sinal.
É preciso ressaltar que Pep teve um período de maturação antes de assumir o Barça. Ele parou de jogar em 2001 e assumiu o clube profissional em julho de 2008. Seedorf, entretanto, parou de atuar neste ano pelo Botafogo e já encara este grande desafio. Mas, nós, brasileiros, vimos o quando ele tem de influência nos demais atletas do elenco pela sua representatividade. Foi ele quem comandou em muitas vezes as direções do clube carioca, passando por cima, de maneira equivocada, da voz do treinador.
Por esta sua liderança natural, Seedorf conseguirá, a meu ver, dar uma ordem, chacoalhar as diretrizes no Milan e recolocar o time no trilho. Uma trajetória igual à de Guardiola é quase impossível, ainda mais com um time mediano que o Milan tem no momento, mas uma reviravolta será imediata. Torço pelo holandês que aprendi a apreciar no Brasil.
Boa sorte, Seedorf: tomara que as opiniões Marco van Basten e Ruud Gullit estejam erradas e que o Milan volte a ser a potência que, nós, brasileiros, estamos acostumados a ver. E, obviamente, com o Kaká como o líder em campo desta esquadra.