Poucos sentimentos mundanos são tão cerceados quanto o desejo sexual feminino. Mulheres são apontadas por qualquer comportamento mais erotizado, como se tivessem que se sentir culpadas por isso. O simples fato de usar roupas que destaquem seu corpo é suficiente para que uma garota ouça ofensas ou sofra consequências ainda piores.
Desde meninas, elas precisam lidar com essas agressões. Quando começam a “ficar”, aquelas que deixam os garotos brincarem com seus corpos já caem na boca pequena, são estigmatizadas como galinhas, piranhas, vadias. E assim aprendem que não podem sentir prazer, que precisam reprimir seus desejos – nunca evidenciá-los. Empenham-se em se mostrarem castas, para que sejam merecedoras do amor dos homens. Nem que precisem mentir.
Com tanta repressão, é natural que a libido feminina se mantenha em baixa, principalmente entre aquelas mais vulneráveis. Mesmo assim, não dá para dizer que todos os problemas na vida sexual da mulher se devem a questões culturais – apesar da importância delas na construção da psiqué feminina. Existem tantos outros fatores fisiológicos e psicológicos que influenciam a libido.
Estresse é um grande anticlímax. Má alimentação e drogas também incidem diretamente sobre a disposição para atividades físicas — tanto nos homens, quanto nas mulheres. Se a garota estiver depressiva, dificilmente se sentirá animada para transar diariamente.
Questões hormonais, muitas vezes associadas ao uso de pílulas anticoncepcionais, também surtem grande efeito sobre o desejo feminino. O próprio ciclo menstrual provoca essas oscilações. Basta reparar como elas se tornam sedutoras e saem exalando tesão quando estão no período de ovulação. Na gravidez e no pós-parto é comum que a autoestima e os sentimentos da mulher sejam afetados, de forma a influenciar negativamente sua vontade de transar. Sem contar com a menopausa, fase em que o nível de testosterona no corpo delas cai acentuadamente.
Há quem diga que a monogamia é fatal para a libido. Que não há desejo que resista aos efeitos do tempo ao lado de um só parceiro. De fato, acomodar-se no relacionamento, entediar-se com a rotina, perder as novidades cotidianas, o impulso da paixão, são situações que provocam desgaste e queda no interesse pelo outro. Eis o perigo a que qualquer casal está sujeito, caso ambos não se dediquem igualmente a manter uma vida sexual satisfatória.
Seja qual for a causa, a realidade é alarmante: no Brasil, 35% das mulheres alegam não sentir nenhuma vontade de ter relações sexuais, segundo o mais recente estudo do Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas (ProSex), que traçou um panorama dos hábitos e atitudes do brasileiro na cama. Por isso, muitas mulheres têm buscado ajuda médica para salvar seus casamentos. E o mercado farmacêutico anda prometendo milagres, lançando novas medicações formuladas com objetivo de despertar a excitação sexual das mulheres.
Saiba quais são esses remédios do desejo, que devem estar à venda a partir de 2015:
#1 Lybrido
Voltado para mulheres na pré-menopausa, alia sildenafila (a substância do Viagra) a pequenas doses de testosterona (hormônio que desperta motivação para o sexo). O resultado será sentido cerca de quatro horas após a ingestão.
#2 Lybridos
Um pouco de testosterona combinada a buspirona (que reprime mecanismos de inibição sexual). Também desenvolvido nos laboratórios da Emotional Brain, o mesmo da Lybrido, é voltado para os casos em que a baixa no desejo se deve a experiências sexuais negativas.
#3 Flibanserina
Atua sobre os neurotransmissores. Provoca o aumento da dopamina e da noreprirefina (que agem na excitação sexual) e a diminuição da serotonina (que inibe o desejo).
#4 ORL101
Seu princípio ativo é um derivado sintético do hormônio melatonina. Age rapidamente: em até 15 minutos. Seu efeito dura até duas horas. Ainda diminui o apetite – o que pode não ser tão bom.
Todos os remédios têm seus efeitos colaterais. Mas sexo não tem contraindicação. Continuo achando que liberdade sexual e o simples fato de se sentir desejada são os melhores estimulantes para uma mulher. De qualquer forma, quem sabe esses produtos da indústria farmacêutica ajudem àquelas que se dizem frígidas a se soltarem mais e explorarem os prazeres da carne.