Por que “Butch Cassidy” é um filme imperdível para todo homem

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Você sabe que um filme é realmente excepcional quando, anos depois de assisti-lo, consegue lembrar de várias cenas dele.

Essa foi a definição de “filme bom” que, muito tempo atrás, meu pai ensinou para mim.

Concordo com ele. E quando penso em “Butch Cassidy and the Sundance Kid”, consigo praticamente recriar a história na íntegra em minha cabeça.

Entre todos os fatores que fazem deste um dos maiores clássicos do cinema — trilha de arrepiar, fotografia linda, suspense contínuo, bom humor na medida certa, romance com uma atriz linda — há um elemento específico que faz de “Butch Cassidy” o número #1 em minha lista de filmes preferidos: a amizade entre os protagonistas.

Ele retrata, com a mais perfeita exatidão, a essência da lealdade entre dois amigos.

O filme conta a história de dois ladrões do Velho Oeste. Um deles é Butch Cassidy (Paul Newman), o cérebro da dupla. O outro é o Sundance Kid (Robert Redford), gatilho mais rápido da região.

Após uma série de assaltos bem-sucedidos a trens de cargas, uma companhia contrata os melhores xerifes, índios e caçadores de recompensa do Oeste para capturá-los vivos ou mortos.

Eles decidem, então, deixar o país e ir para a Bolívia, onde a mineração de ouro está num momento farto — e dizer mais do que isso seria dar spoilers.

Muito bem. Falei acima em “lealdade masculina” e “cenas memoráveis”. Quero comentar, então, algumas cenas que gosto bastante.

CRISE NA GANGUE

Butch era o líder da gangue “Hole in the Wall”. Um belo dia, ele e Sundance aparecem no esconderijo do grupo e o grandalhão Harvey Logan questiona a liderança de Butch, desafiando-o para um duelo de facas.

O vencedor conduziria o bando (que está do lado de Harvey) dali para frente. Cerebral e péssimo com armas, Butch tenta contornar a situação na conversa -– sem sucesso. Vendo que não terá jeito, ele vai ao seu cavalo pegar uma faca e Sundance está do lado.

“Sundance”, grita Harvey neste momento. “Quando a luta terminar e ele estiver morto, você pode ficar.” E Butch cochicha para ele: “Olha, não quero parecer um mau perdedor. Mas no fim, se eu morrer, mata o Harvey.”

Ao que Sundance responde para Butch: “Eu adoraria fazer isso”, enquanto dá um aceno cínico para Harvey e o resto da gangue. No final, porém, não foi necessário que ele sacasse a arma, pois Butch deu um jeito de vencer o duelo.

TRIÂNGULO AMOROSO

A cena mais romântica do filme, ironicamente, não acontece entre Sundance e sua namorada Etta Place — mas entre ela e Butch, que têm um grande carinho mútuo.

Butch comprou uma bicicleta e passa na casa de Etta, que está dormindo com Sundance, para levá-la para passear. Entra na trilha, então, “Raindrops Keep Falling on My Head” enquanto os dois andam abraçados de bicicleta num campo ensolarado, ela ainda de camisola.

Ao final da cena, ela pergunta: “Butch? Você já imaginou se estaríamos juntos caso tivéssemos nos conhecido antes?” E ele responde: “Nós estamos juntos, Etta. Em alguns países árabes, andar junto de bicicleta é o mesmo que estar casado.”

Os dois sorriem e dão um abraço. Neste instante, Sundance sai na varanda e pergunta: “Ei, o que você está fazendo?” Butch diz: “Roubando a sua mulher.”

E Sundance, numa demonstração plena de confiança no amigo, sabendo que aquilo jamais aconteceria, vira as costas e fala enquanto entra na casa: “Pode levar, pode levar…”

De fato, a relação entre Butch e Etta nunca ultrapassa o limite da amizade durante a história.

JAMAIS ABANDONO

Eu poderia passar horas relembrando cenas de “Butch Cassidy” que fazem dele um filme notável em matéria de amizade e lealdade masculina.

Mas o questão principal é que, por mais extrema que fosse a situação, Butch e Sundance sempre estavam fielmente lá um para apoiar outro. Nunca se abandonariam em hipótese alguma.

Por isso eu digo que “Butch Cassidy and the Sundance Kid” é um filme essencial parra assistir e refletir sobre o valor da amizades na vida de um homem.

E aproveito a oportunidade para dedicar este texto aos meus amigos que, modéstia à parte, são os melhores que poderiam existir neste mundo.

Pedro Nogueira

Fundador e editor-chefe do "El Hombre" e do "Moda Masculina". Adora jogar tênis, ler livros e passear com seus pets.

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