No sábado, um dia antes do Super Bowl 51, fizemos um post com 8 razões para assistir ao jogo mesmo sem entender de futebol americano.
O que não imaginávamos é que este seria o maior Super Bowl de todos os tempos e que com certeza ainda estará sendo comentado daqui a 50 ou 100 anos.
Se você não assistiu, um breve resumo sobre o que rolou:
> O Atlanta Falcons, que tinha no seu time o MVP (Jogador Mais Valioso) da temporada, Matt Ryan, começou arrasando e abriu 28×3. Isso seria tipo uma vantagem de, sei lá, tipo 4×0 no futebol.
>> Tom Brady, considerado por muitos o maior quarterback da história, estava apagado, assim como toda a equipe do New Englant Patriots.
>>> Eis que, no último quarto, o Patriots começou uma reação histórica e fez 19 pontos em 15 minutos para levar a partida à primeira prorrogação na história do Super Bowl.
>>>> Aí na prorrogação, meus amigos, o time do Falcons já estava devastado psicologicamente e não ofereceu resistência nenhuma ao Patriots, que fechou o jogo por 34×28.
Se você lembra a final da Mercosul de 2000 entre Palmeiras e Vasco, na qual o time paulista abriu 3×0 no primeiro tempo e acabou levando uma virada por 4×3, vai entender do que estamos falando.
Ou, então, a decisão da Champions League de 2005, em que o Milan fez 3×0 no Liverpool, tomou o empate e perdeu nos pênaltis.
O Super Bowl 51 foi mais ou menos isso, mas com um detalhe extra: o jogo coroou Tom Brady como o maior jogador de todos os tempos da NFL de uma maneira praticamente unânime.
TOM BRADY, O MAIOR DA HISTÓRIA
Brady mostrou que não apenas é um jogador incrivelmente habilidoso, mas que também cresce muito na pressão – uma característica que distingue os “bons” dos “gênios”. Ou, nas palavras de Michael Jordan, os homens dos meninos.
A trajetória de Jordan e Brady, aliás, é parecida. Jordan pegou o Chicago Bulls, um time que nunca ganhara um título da NBA, e levou a franquia a 6 troféus. Brady estreou num New England Patriots igualmente zerado em Super Bowls e liderou o time a 5 vitórias.
Um detalhe? Ambos foram selecionados no draft – o processo no qual os times recrutam jogadores das universidades, pois na NBA e NFL não há categorias de base como no futebol brasileiro – sem grande estardalhaço.
Jordan foi a 3a escolha no draft de 1984. E no caso de Brady, em 2000, o número é ainda mais chocante: 199. Dá para acreditar? Todos os times da NFL tiverem a oportunidade de recrutar o futuro maior jogador da história e deixaram passar. Aliás, tiveram 5 oportunidades, pois o Patriots só o escolheu na 6a rodada do draft.
Agora ele é o recordista da NFL em anéis do Super Bowl com 5, empatado apenas com Charles Haley. Acontece que Haley atuava na defesa como defensive end e linebacker, uma posição infinitamente menos determinante na vitória de um time do que o quarterback, posição de Brady. O QB é uma espécie de camisa 10 do futebol americano, o responsável por armar todas as jogadas ofensivas da equipe.
Os haters que nos perdoem, mas a discussão acabou: Tom Brady é o melhor jogador que já pisou num campo de futebol americano. E dificilmente veremos alguém chegar perto do nível dele nas próximas décadas.
BILL BELICHICK, JULIAN EDELMAN E OUTROS INGREDIENTES DO JOGO
Como Gisele Bündchen, que é casado com Brady, notou certa vez: “Ele não pode lançar e pegar a bola ao mesmo tempo.” Na ocasião o comentário teve uma conotação negativa. Gisele estava criticando os colegas de time do marido após uma derrota.
Mas hoje podemos repetir a frase dando um sentido completamente oposto a ela. Brady foi a estrela do Super Bowl? Sem dúvida. Mas ele não levou o time à vitória sozinho.
Antes de mais nada, temos a figura do treinador Bill Belichick, que agora é o recordista da NFL com sete anéis do Super Bowl. Os dois primeiros vieram como coordenador defensivo do New York Giants e os últimos cinco no cargo de técnico do New England Patriots ao lado de Brady.
Assim como Brady ganhou status de lenda no Super Bowl deste domingo, o mesmo vale para Belichick, que tem sido aclamado nos EUA como o maior treinador da NFL de todos os tempos. Já que fizemos um paralelo antes com a NBA, a dupla Brady/Belichick é o equivalente à parceria de Jordan com Phil Jackson.
E seria uma injustiça não comentar o catch surreal de Julian Edelman no meio de 3 defensores adversários, que manteve o Patriots vivo num momento decisivo da partida. Foi a jogada mais marcante da noite, sem dúvida alguma.
Para resumir, no Super Bowl 51 tivemos a consagração do melhor jogador e técnico de todos os tempos; a maior virada que já se viu numa final de NFL; e um catch que tranquilamente está no Top 5 dos lances mais incríveis já realizados num Super Bowl.
Meus pêsames a quem não assistiu, pois esse foi definitivamente o Super Bowl mais emocionante desde que criaram o evento 50 anos atrás. E tenho dito.