Por que você deve ver “O Homem da Máfia”

Compartilhe

“A maioria dos filmes tenta mostrar a sociedade americana do jeito que ela gostaria de ser vista”, disse o neozelandês Andrew Dominik, diretor de O Homem da Máfia, que estreia hoje no Brasil.”O único gênero que mostra o verdadeiro Estados Unidos é o do crime. Por quê? Nele é aceitável os personagens serem movidos exclusivamente pelo dinheiro.”

Cineasta promissor, que também escreve seus roteiros e se notabilizou por uma parceria com Brad Pitt em O Assassinato de Jesse James, Dominik tenta em O Homem da Máfia não só produzir um thriller violento sobre crime, mas traçar um paralelo com a crise econômica atual dos Estados Unidos.

Baseado no livro Cogan’s Trade, de 1974, Dominik optou por adaptar a história para 2008 na intenção de focá-la no colapso da economia americana, aproveitando discursos feitos pelo presidente Barack Obama e escancarando o quão desigual a realidade do país continua.

Brad Pitt interpreta Jackie Cogan, homem de confiança da máfia responsável por investigar quem praticou um roubo durante um jogo de pôquer high stakes que acontecia sob proteção da própria máfia.

A desregulamentação do jogo e a dificuldade em encontrar os verdadeiros culpados pela situação – com muitos inocentes sofrendo a consequência desses atos – é a forma que Dominik encontrou para traçar o paralelo entre a trama do filme e o panorama atual dos Estados Unidos.

(MAIS: Hollywood está vivendo uma crise de nostalgia?)
(MAIS: E começa a temporada do Oscar no Brasil)

“Quando comecei a adaptar o livro para o roteiro, percebi que essa era uma história que acontecia durante uma crise econômica que ocorreu por conta de uma falha na regulamentação”, disse Dominik. “Me pareceu algo que simplesmente não poderia ser ignorado.”

O diretor mostra ser um grande nome para o futuro – tem uma voz própria, conseguindo criar tramas interessantes repletas de subtexto, sem perder o estilismo que o gênero pede, seja ele um western como O Assassinato de Jesse James ou um thriller como O Homem da Máfia. Com certeza é um diretor para ficarmos de olho.

Não à toa, Brad Pitt – que vem de uma sequência de boas atuações com Árvore da Vida e O Homem que Mudou o Jogo – atuou no filme também como produtor executivo, ajudando na busca de fundos para a filmagem. Em entrevistas, disse que ajudar bons diretores a conseguirem fazer seus filmes é um de seus objetivos na carreira, já que ter seu nome envolvido em qualquer projeto interessa investidores.

É difícil encontrar, atualmente, um filme com uma trama que engaja e conteúdo. Por mais que você não concorde com aquilo que ele diz, é um “entretenimento com cérebro” no meio de um monte de blockbusters sem nada a acrescentar.

O Homem da Máfia definitivamente não é para todo mundo. Seu ritmo às vezes é lento e, em muitas cenas, a violência é forte. Mas é um filme que merece ser visto. Definitivamente.

Diego Marques

Diego Marques é formado em Rádio & TV pela FAAP; fez um curso de televisão na National Film and Television School, em Londres; e estudou cinema na New York Film Academy.

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.

Saiba Mais