Não sei você, mas eu já reparei como sou ansioso. Sempre estou à procura de fazer alguma coisa. E quando me vejo sem nada para fazer admito que fico bastante incomodado. Então logo procuro uma ocupação.
Além de reparar isso, já me questionei também o motivo de eu funcionar dessa forma. Qual é o problema de ficar alguns minutos comigo apenas? Será que sou tão insuportável assim?
Bom, pelo menos não estou só.
Um estudo realizado em Harvard e na Universidade de Virgínia descobriu que a grande maioria das pessoas não suportam ficar sem nada para fazer.
Eles pediram a diversos estudantes que ficassem sentados e acordados por 15 minutos em suas casas. Apenas isso. Eles não podiam mexer no celular, ouvir música, comer, cortar a unha, transar… Nada.
A experiência se demonstrou tão insuportável para a maioria deles, que 32% admitiu ter dado uma engabelada e ter feito outra coisa nesse período.
Após isso os cientistas resolveram ampliar o estudo e envolveram outras pessoas de idades e condições sociais diferentes – mas os resultados permaneceram os mesmos. A grande maioria relatou que aquela era uma situação muito desagradável.
Num estudo posterior, para medir o quão desconfortável era permanecer sem fazer nada, os participantes tiveram a sua disposição um aparelho que permitia que eles se dessem choque.
O resultado? 67% dos homens e 25% das mulheres acionaram a descarga elétrica por pelo menos uma vez durante a experiência. Teve um rapaz que optou por sentir o estímulo por 190 vezes. Uau.
Agora, o que não foi estudado são os motivos que nos levam a achar tão chato ficar sem fazer nada objetivamente (digo objetivamente porque pensar é fazer algo).
Acredito que o estilo de vida e os princípios que a sociedade em que vivemos estabelece esteja diretamente ligado a esse desconforto. Para mim essa é a prova do quão distante estamos de nós mesmos. Não somos capazes de nos vivenciar integralmente por alguns poucos minutos.
Se isso é ruim? Não sei, nunca experienciei o contrário. Mal consigo parar por alguns segundos. Então nunca vivi realmente um estado meditativo e os supostos benefícios que ele nos traz. Mas os caras lá do oriente certamente tem alguma resposta a essa questão.
Você, por um acaso, tem, hombre?
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