O Bosco Verticale são dois prédios que carregam mais de 900 árvores com até 9 metros de altura e têm a proposta de unir vida vegetal, animal e humana.
O futuro está em Milão. Ao menos o futuro da arquitetura urbana.
Em outubro foi inaugurado a primeira floresta vertical – que na verdade não é uma floresta, mas um prédio (ou dois).
O projeto é impressionante. São duas torres de 110 e 76 metros de altura que oferecem 2,5 hectares de flora (e também fauna) no coração de um dos grandes centros mundiais.
Você pode estar se perguntando como que um (ou dois, no caso) prédio pode abrigar uma floresta tão grande quanto essa. Pois é, os caras deram um jeito.
Eles plantaram nada menos do que 900 árvores nas inúmeras varandas dos prédios. E se você acha que são singelos arbustos, está muito enganado: as árvores medem 3, 6 e 9 metros de altura. E, claro, também há arbustos (5 mil deles) e plantas variadas (11 mil).
A grande proposta da construção é aproximar o ser humano da natureza, principalmente em grandes estruturas urbanas, onde a vida vegetal e animal vai perdendo cada vez mais espaço.
BELEZA ARQUITETÔNICA
O projeto ficou tão formoso que faturou, de forma unânime, o International Highrise Award, prêmio que é considerado o Nobel da arquitetura no que concerne a prédios altos, no dia 19 desse mês. Quem oferece a premiação é o Museu de Arquitetura de Frankfurt, na Alemanha.
Para ficar com o primeiro lugar na disputa, o Bosco Verticale (nome do projeto, que traduzido significa “floresta vertical”) teve que superar 800 adversários de 17 países.
Para chegar ao resultado final, as obras foram analisadas em critérios como inovação, sustentabilidade, fachada, qualidades internas e aspectos sociais.
SUSTENTABILIDADE
É claro que um projeto como esse traz uma proposta fortíssima de sustentabilidade. No entanto, a proposta é mais incrível do que imaginamos ao apenas observar as fotos dos prédios.
Toda essa flora imensa proporcionará uma diminuição de 2 a 3ºC durante o verão. E nós sabemos como isso faz diferença. Mas, além de aliviar o suadouro, esse recurso também ajuda a economizar energia e o microclima ajudará na “higienização” da poluição urbana.
E, dessa forma, como os próprios edifícios serão um organismo vivo, é esperado que a fauna também se reúna na brincadeira. Os idealizadores vislumbram a chegada de insetos inofensivos (como a joaninha) e aves (como as andorinhas) aos andares da floresta vertical. Tudo em harmonia com a vida humana, claro.
Um dos desenvolvedores do projeto, Setafno Boeri, disse à BBC que chegou a ver, inclusive, que um casal de falcão já armou seu ninho no topo de uma das centenas de árvores. “Fazia muito tempo que não se via um falcão por aqui”, comentou o arquiteto.
Mais de cem espécies de plantas foram arraigadas no Bosco Verticale, e juntas elas somam um espaço equivalente a dois campos de futebol.
Quanto à manutenção das árvores e plantas, os moradores não terão que se preocupar com absolutamente nada: o sistema de irrigação é computadorizado. Há um mecanismo que busca água do lençol freático e realiza a distribuição para o mundo verde. Isso sem falar na reutilização de água das pias e chuveiros.
Não satisfeitos, para gerar energia o pessoal ainda instalou sistemas eólico e fotovoltaico (conversão de energia solar em energia elétrica).
ÁRVORES COMO ESTRUTURA
O que é muito interessante no projeto é que as árvores não estão ali somente para embelezar a paisagem ou para purificar o ambiente – mas para manter os prédios em pé. Sim, elas servem como estrutura para a construção.
O posicionamento das árvores dentro de tanques especiais foi pensado para que elas pudessem oferecer uma base ao esqueleto dos prédios.
Pensando nos ventos fortes que podem envolve-las nas alturas de Porta Nuova (região onde está localizado o prédio), os especialistas realizaram alguns testes bastante específicos antes de plantá-las para ver se a ideia realmente seria segura ou se as árvores poderiam tombar. Botânicos e horticultores foram envolvidos no projetos de engenharia.
MORADIA
Pensando em se mudar para Milão agora, hombre? Pois saiba que terá que estar com o bolso recheado, como era de se prever diante de um projeto desses.
Ao todo são 113 apartamentos à disposição. Ou melhor: eram. Desses, 60% já foram adquiridos.
E o preço para compra-los é bem salgado. É preciso desembolsar um valor médio de R$ 24 mil por metro quadrado para poder se se dizer dono de um ap por lá. Para efeito de comparação, em São Paulo o metro quadrado mais caro sai por R$ 11 mil. E a capital paulista é uma das cidades mais abusivas financeiramente do mundo, principalmente no universo imobiliário.
Não bastasse, os moradores ainda têm que pagar R$ 10 mil por mês de condomínio.
Agora o sistema de irrigação computadorizado pesou, né?
Então fique com um vídeo do Bosco Verticale para ter uma noção mais completa do que realmente significa esse projeto.