De uns tempos para cá, veículos grandes como pick-ups e SUVs caíram nas graças do consumidor e começaram a se multiplicar pelas ruas das cidades. Com seu perfil robusto, esses automóveis transmitem mais segurança do que os modelos convencionais.
São veículos preparados para encarar ruas alagadas e terrenos acidentados com a mesma tranquilidade com que passeiam na estrada em um lindo domingo de sol.
Além disso, no caso de uma possível colisão, o motorista de uma SUV geralmente sofre bem menos porque fica mais protegido.
Existe hoje no mercado uma imensa variedade de SUVs e pick-ups, grandes, pequenas, compactas, médias, enfim, medidas para todas as garagens e bolsos.
E algumas delas possuem versões um pouco mais sofisticadas que trazem um interessante advento: a tração nas 4 rodas, ou, como são conhecidas, as famosas 4×4.
Geralmente associados ao espírito aventureiro, os veículos 4×4 são na verdade muito mais do que isso. Existem alguns modelos de sedans (e alguns hatchs) que também possuem essa característica e nem por isso são feitos para encarar o barro.
Então, o que vem a ser afinal – e como funciona – a tecnologia do famoso 4×4?
Pois bem, vamos explicar para vocês!
Primeiro, o 4×2
Antes de falar sobre o 4×4, vamos começar pelos carros do tipo 4×2 – que são praticamente quase todos. Por que eles são definidos assim? Muito simples: esses veículos têm 4 rodas, mas apenas 2 delas recebem a energia que vem do motor. Chamamos essa força de tração.
Via de regra, podemos dizer que duas delas são tracionadas e as outras duas são literalmente “arrastadas”. Quando falamos em tração traseira, por exemplo, queremos dizer que a força do motor vai para as rodas traseiras e que as rodas dianteiras são empurradas. Na tração dianteira acontece o inverso – as rodas de trás são puxadas.
Isso é possível porque existem duas peças que realizam a “mágica”: o eixo e o diferencial.
O eixo é o cara encarregado de levar a força do motor até as rodas e o diferencial se ocupa em distribuir a força entre as rodas, para evitar que uma acabe girando mais rápido do que a outra e você saia rodando por aí.
Assim, o motor pode ficar lá na frente e mandar o torque para as rodas traseiras.
Alguns modelos da Porsche, por exemplo, tem o motor na parte traseira do veículo que joga o torque direto para as rodas de trás, sem precisar enviá-la pelo eixo. Esse é um dos segredos que fazem dos modelos da Porsche verdadeiros recordistas de velocidade. Já que a potência não precisa “viajar” pelo eixo, ela chega sem perdas até as rodas e daí… bom, o resultado a gente vê na pista.
Legal, agora o 4×4
Agora que sabemos o que significa o 4×2, fica fácil adivinhar o que faz o 4×4, não é?
Pois bem. Nesse sistema o motor envia torque para todas as 4 rodas ao invés de apenas 2. Com todas as rodas recebendo tração, o carro aumenta substancialmente a aderência com o solo. E isso não ajuda apenas a vencer terrenos íngremes, ajuda também a fazer curvas mais seguras porque segura muito mais o carro na pista.
Dessa forma, a condução também se torna muito mais simples, porque o motorista tem um controle mais pleno sobre o veículo.
E todos os sistemas são iguais?
Não, não são. Assim como tudo no meio automotivo, o sistema de tração nas 4 rodas também evoluiu e hoje existem automóveis que praticamente decidem sozinhos que tipo de tração vão usar de acordo com o tipo de terreno.
Mas, para simplificar, em linhas gerais dá para dizer que existem 2 tipos básicos de sistemas:
- 4 WHEEL DRIVE (4WD)
Esse é o mais simples. Basicamente o veículo passa a maior parte do tempo usando apenas o sistema 4×2, ou seja, fica mandando tração apenas para 2 rodas.
A diferença é que aqui nós temos dois diferenciais: um para as rodas de trás e outro para as rodas da frente.
Quando o motorista precisa da tração nas 4 rodas ele aciona o sistema, que, automaticamente, passa a enviar metade do torque para cada um dos diferenciais, gerando tração em todas as rodas.
Alguns modelos antigos só conseguiam fazer a troca quando estavam parados. Atualmente isso não existe mais: o motorista pode ligar o sistema quando quiser.
- ALL WHEEL DRIVE (AWD)
Esse sistema é o mais completo e, diferentemente do primeiro, não pode ser desligado (pelo menos a grande maioria deles).
Ele possui três diferenciais: traseiro, dianteiro e central.
Como o próprio nome diz, ele mantém o veículo com tração constante em todas as rodas e o deixa 100% do tempo preparado para qualquer tipo de terreno.
Além disso, enquanto o sistema 4WD prioriza a tração em detrimento da velocidade, o AWD deixa o motorista livre para andar na velocidade que quiser. O próprio sistema se adapta para mandar para cada roda a energia certa necessária para vencer o terreno.
Mas 4×4 na cidade?
Atualmente, a maioria dos veículos 4×4 tem a opção de ligar e desligar a tração nas quatro rodas, ou seja, você pode rodar o tempo todo como um carro normal no regime 4×2 e apenas acionar a força bruta quando necessário.
No entanto, rodar no asfalto com o sistema ligado diminui a vida útil dos pneus e aumenta consideravelmente o consumo de combustível.
Portanto, é importante lembrar que optar por adquirir um veículo assim só faz sentido se você é daqueles que encara estradas de chão no final de semana, estradas esburacadas, lama e coisas assim. Caso contrário, possuir um 4×4 não vai passar de ostentação.
As situações em que o sistema seria útil na cidade são poucas, como encarar ruas muito esburacadas, subir em canteiros para fugir de inundações, evitar aquaplanagem na estrada e isso não acontece o tempo todo. Logo, não vale o investimento.
Se esse é o seu caso, vale mais a pena optar por um modelo AWD que por se adaptar a qualquer terreno também vem equipado com mais inteligência para lidar com a variável “consumo”, mesmo se o curso predominante de uso for o urbano.
Prós e contras de cada sistema
Sim, isso quer dizer que temos prós e contras para cada sistema.
Dá pra dizer que como o sistema 4WD é um sistema especialista (ou seja, feito para resolver situações bem definidas como atoleiros, estradas de chão, etc.), ele nem sempre se comporta bem fora do seu “habitat” natural.
Em linhas gerais temos que:
- Veículos 4×4 têm seguros bem mais caros que seus similares 4×2. Portanto, se não for realmente necessário para você subir paredes com seu carro, opte pelo 4×2.
- O uso da tração integral gera um aumento considerável no consumo de combustível. Deve-se ficar sempre bem atento porque as médias informadas de consumo desses carros são tomadas levando-se em conta apenas o curso normal de rodagem, quando se utiliza a tração 4×2.
- Em terrenos irregulares, como estradas de chão batido, o sistema 4×4 é infinitamente superior ao 4×2 porque permite um controle muito mais completo do carro.
- O uso ostensivo do sistema 4×4 em estradas regulares, como falamos, diminui em muito a vida útil dos pneus do veículo. Atualmente é mais comum o uso de pneus do tipo “todo terreno” que se saem bem tanto na estrada quanto fora dela. No entanto, ainda assim notam-se desgastes prematuros quando são utilizados em regime de tração integral.
- O custo de manutenção de um veículo 4×4 é bem maior do que o de um veículo convencional. E no caso de sistemas mais avançados, como aqueles que equipam os modelos AWD a coisa complica ainda mais. Como são carros grandes e pesados, peças como freios, por exemplo, costumam sofrer bastante e por isso necessitam de reparos mais frequentes.
- Ao escolher um veículo do tipo 4WD, dê preferência para modelos movidos a diesel. Por serem destinados para trabalhos pesados (na maioria das vezes), os motores desses automóveis são exigidos ao uso extremo em condições igualmente extremas. Propulsores a diesel, além de possuírem uma vida útil bem maior, também são mais econômicos.Agora ficou fácil entender, não?
Se a ideia for sair por aí encarando barro, pedras e trilhas no meio do mato, então agora você está mais preparado. Resta escolher o modelo certo e pé na estrada!