Qual a melhor cafeteira para você?

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Tínhamos um hábito na redação de sair toda tarde para tomar café num lugar aqui perto. Eu sempre achei aquilo uma demonstração de amizade incrível. Por mais atarefado que estivéssemos, parávamos o que fazíamos e saíamos para o café. Era um momento para colocar o papo em dia, fortalecer os laços amistoso.

Pura ingenuidade.

Um dia apareceu uma Nespresso e me colocou na real, mostrando que o único objetivo das saídas no meio do expediente era o café. Somente o café. Depois que o equipamento chegou na redação ninguém mais quis saber do cafézinho da tarde.

Bem, desculpe o desabafo. E vamos ao que interessa.

Se você não aguenta mais ter que sair de casa para tomar um café, talvez essa lista 5 cafeteiras (e algumas dicas) sirva para você.

1# O bom e velho coador

É o que faz o café mais fraco, mas ao mesmo tempo o favorito do Brasil. Não requer muito: um coador de pano, água quente e o café. De acordo com o gosto, coloca-se mais ou menos pó — e, com isso, o café fica mais ou menos fraco. Entre coadores de pano ou de papel, geralmente o de pano deixa o café com um gosto melhor.

Pode ser usado tanto com o suporte diretamente sobre a garrafa, ou no bule automático. Ao fazer manualmente, o ideal é só deixar a água esquentar — mas não ferver. Isto dá diferença também no gosto do café.

2# Cafeteira italiana

Existem cafeteiras italianas dos mais diversos tipos, inclusive a de vidro. É a mais prática de todas, de vários tamanhos para diversas quantidades de café. Faz uma bebida mais concentrada do que o coador ou o bule. O truque é deixar começar a borbulhar e depois desligar. Aí, não só não sobra água, como o café não passa do ponto. Quem faz pode ajustar também a quantidade de água e café, e geralmente não corre o risco de errar, se colocar sempre até o máximo.

3# Cafeteira espresso

Existem diversos tipos de cafeteiras espresso (isso, assim mesmo, com s; a palavra vem do italiano, e quer dizer “com pressão”, e não “rápido” – expresso), desde as simples (nas quais você mesmo põe o café moído, como na maioria das cafeterias), até as totalmente automáticas (a marca mais conhecida é a Saecco), que moem o grão e fazem o café sozinhas.

Quem sabe fazer café, geralmente prefere as máquinas de espresso manual. É possível adequar a quantidade, a concentração e até mesmo o gosto, suavidade, acidez. Dicas práticas:

1# Dê preferência por moer o grão na hora, pois fica muito melhor. Para isso, existem moedores vendidos à parte. Se não puder, conserve o pó moído no congelador.

2# Não use pó nem  muito fino (pois não só entope o cachimbo, como deixa o café muito forte), nem muito grosso (pois o café fica muito fraco).

3# A pressão com a qual o pó deve ser prensado é de 25 quilos (mais ou menos). Difícil de medir. Na dúvida, apoie o cachimbo na pia e aperte o pilão com força.

4# O tempo para tirar o café não deve ultrapassar os 15 segundos. Mais do que isso, o café corre o risco de ficar fraco. Menos do que isso, fica muito forte. Obviamente, varia de acordo com o tamanho do cachimbo, a quantidade de saídas da máquina e o quanto de café você vai fazer.

5# A espuma do café deve ter aspecto de um creme, amarronzado (mas não tão escuro) e totalmente homogêneo, que deve segurar levemente a queda do açúcar.

No entanto, o que eu mais gosto da máquina espresso é justamente que nada disso é regra e você faz o seu café do jeito que quiser. Você pode tentar de todas as maneiras: pó mais grosso, mais fino, mais prensado, menos prensado, café mais curto, mais longo… E assim vai.

4# Cafeteira Dolce Gusto

É uma cafeteira que pode fazer tanto cafés, quanto achocolatados, chás… Para toda a família, é uma ótima opção, além de ser muito charmosa. Como você controla o fluxo, pode fazer uma bebida mais curta ou mais longa. No entanto, é bom não ultrapassar o recomendado, ou a bebida perde o gosto.

5# Cafeteira Nespresso

Já é para os mais exigentes. Automática, você só precisa colocar a cápsula. O modelo simples faz exclusivamente café, porém de diversos sabores e tipos. Funciona como a Dolce Gusto, mas é totalmente automática, então você não controla a quantidade de café que será tirado. O que é bom ou ruim, dependendo do seu ponto de vista.

Outras dicas

  • Recipiente para o café: aquela história de que tirar o café no copo de vidro ou na xícara de porcelana dá diferença não é mentira. O gosto é efetivamente diferente. O mesmo vale para fazê-lo em uma xícara aquecida ou não. Eu pessoalmente prefiro o café em xícaras frias e mais grossas. Isso, porém, como em todo o café, é da opção de cada um.
  • Tipo de pó: o gosto do café, como o do vinho, varia de acordo com o local onde ele é produzido. Café de regiões mais altas geralmente é mais saboroso. No Brasil, temos o cerrado, mogiana e sul de Minas (dentre outros). Se puder dar a minha opinião, sempre acho o sul de Minas mais saboroso. Embora digam que os outros dois são mais frutados ou achocolatados, ao meu paladar, ao menos, parecem todos muito ácidos.
  • Tome sem açúcar: é uma estratégia para sentir se o café foi bem tirado ou não. Café bom é aquele que dá para tomar sem adoçar. Depois, se quiser, coloque o açúcar (nunca adoçante, pois o aftertaste do aspartame estraga tudo). Mas é sempre melhor tomar sem nada desde o começo.
David Nordon

David Nordon é médico e escritor.

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