Se você faz esporte e não é nutricionista, certamente já se perguntou como deveria ser sua dieta pór-treino. O que comer, quando comer e como comer…
Pois foi publicado um artigo no final do mês passado na International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism que revelou resultados interessantes sobre o tema.
O foco do trabalho foi comparar a recuperação pós-treino das pessoas depois de uma sessão de 90 minutos de bicicleta. Para isso separaram dois grupos de atletas: um que recebeu uma bebida isotônica (como um Gatorade, por exemplo) e outro que ganhou um fast food para ingestão (como um McDonald’s).
Você deve estar achando que não poderia haver teste mais patético, afinal, não existe um nutricionista no mundo que indicaria a seus clientes fast food – e em qualquer situação, ainda mais num pós-treino.
No entanto, os resultados mostraram que não houve diferença na recuperação pós-treino dos dois grupos.
O que ocorreu foi uma padronização dos macronutrientes (carboidrato, proteína e gordura) em ambas as “dietas”. Ou seja, tanto o grupo que tomou a bebida quanto o grupo que comeu o fast food ingeriram a mesma quantidade de macronutrientes.
Para avaliar a diferença na recuperação pós-treino dessas pessoas foram realizados alguns testes diferentes, que mediram capacidade funcional, armazenamento energético e níveis circulantes de energia de cada indivíduo.
Não houve diferença nos seguintes aspectos mensurados: glicose e insulina no sangue; recuperação do glicogênio; performance muscular em teste de 20 km de corrida.
Sim, tomar isotônico ou comer fast-food não fez diferença para os objetivos que os pesquisadores estavam visando, que foi a recuperação energética pós-treino.
O próprio artigo diz o seguinte: “Esses dados indicam que as opções de alimentação a curto prazo para iniciar o processo de ressíntese do glicogênio podem incluir alimentos que não são tipicamente associados à nutrição esportiva como opções de fast food.”
A explicação para isso é simples: quando falamos de pós treinamento, o principal objetivo é repor os estoques de energia, diminuir rapidamente os níveis de cortisol que foram elevados pelo exercício, e já começar a promover a recuperação muscular. E essas tarefas são cumpridas por açúcares simples.
Por isso que os nutricionistas normalmente indicam alimentos de fácil digestão com açúcares simples nessas situações, como a bebida isotônica.
Os suplementos de reposição de energia não possuem nenhum tipo de acréscimo nutricional, como vitaminas e minerais. Então eles podem ser facilmente substituídos por outros alimentos mais “gostosos”. (O mesmo não pode ser dito dos famosos Whey Protein, pois proteínas de rápida digestão/absorção não são muito comuns no meio animal e esses produtos já demonstraram ter diversas ações anti-inflamatórias e benéficas à saúde. )
Para o fim de reposição de energia, a origem do alimento não importa – o real objetivo é que você consiga digerir e absorver rapidamente esses nutrientes. Por isso não existe melhor alimento.
Nesse momento, o ideal é que você ingira os macro nutrientes em quantidade certas para o seu organismo, de acordo com seu metabolismo, atividade realizada e objetivos traçados (e para isso você deve procurar um nutricionista).
Não necessariamente consumir suplementos é o melhor a se fazer, pois, lembre-se, suplementos são apenas alimentos em pó.
Vale ressaltar que o teste foi feito em cima de um exercício aeróbio (bicicleta). Ou seja, não podemos afirmar que os mesmos resultados aconteceriam se o teste utilizasse exercício anaeróbio (musculação).
Contudo, em qualquer tipo de treinamento o pensamento da recuperação pós-treino é o mesmo: reposição do estoque de energia.
Agora, não podemos ignorar a qualidade do que foi ingerido. Se para fins de recuperação de glicogênio o resultado foi semelhante, certamente não o será se o foco da pesquisa mudar.
Estamos cansados de saber que a qualidade de alimentos como fast food é péssima e deve passar longe de sua dieta.
A pesquisa apenas observou que o que importa na recuperação a curto prazo que acontece após o treino não é necessariamente a qualidade do alimento, mas sim a ingestão de macronutrientes.
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