Relação de confiança: o fator principal do sucesso do Cruzeiro

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São muitos os motivos pelos quais o Cruzeiro se fez merecedor do título do Campeonato Brasileiro desta temporada, sacramentando o bicampeonato nacional do clube mineiro com duas rodadas de antecedência.

E um deles passa esquecido para muitos, mas faço questão de enaltecer neste meu breve espaço. Uma ótica diferente que me deixou uma lição.

Confiança. Esta palavra resume tudo. E um abraço exemplifica a ideia. O competente técnico Marcelo Oliveira e o presidente do clube mineiro, Gilvan de Pinho Tavares, são os personagens de um dos motivos que enxergo como primordiais para a coroação do exímio trabalho da Raposa no tetra nacional de sua história.

Técnico e presidente se abraçaram calorosamente depois da conquista, neste domingo – com a vitória por 2 a 1 contra o Goiás, no Mineirão -, demonstrando um carinho igual ao que um pai tem com um filho. O “filho” Marcelo tem mesmo muito o que agradecer. Gilson foi e é ainda uma espécie de “pai” para o treinador cruzeirense.

Foi  ele quem deu a Marcelo, lá em 2012, uma grande oportunidade, apoiou-o e lhe transmitiu muita confiança mesmo ciente que poderia comprometer-se por contratar uma pessoa rejeitada por grande parte dos cruzeirenses. Tudo por conta da grande rivalidade entre Atlético-MG e Cruzeiro.

O presidente colocou sua cara a tapa por acreditar em alguém. Raridade nos dias de hoje. É para se enaltecer, pois são poucos os que fazem isso atualmente.

Esta confiança foi a base do trabalho cruzeirense. Os jogadores sentiram também o mesmo sentimento transmitido pelo treinador. Aliada à competência e dedicação de todos, o trabalho deu resultado já em 2013 com o primeiro título.

E este ano a então “aposta” de Gilson mostrou-se capaz de trilhar caminhos muito vitoriosos no meio de um futebol tão carente de confiança.

Que novos abraços terminem em novas conquistas.

Eu (e todo mundo) já sabia

Entre os jornalistas esportivos era consenso o título cruzeirense nesta temporada. Esta era a única certeza que os imprevisíveis profissionais tinham desde o começo do ano. Se até mesmo a imprensa sabia que a Raposa seria campeã nacional, apesar do esforço dos outros clubes (mais dos São Paulo, que tinha reais condições), o que dirá dos “boleiros”.

Certa vez, logo depois da Copa do Mundo, um técnico e um jogador, ambos de clubes postulantes a tirar o título do Cruzeiro, me disseram o seguinte, após participação em um programa da TV Bandeirantes: ninguém vai tirar o título deles, eles já são os campeões e vamos só correr atrás (isto, claro, um resumo de um bate-papo informal que tive com eles).

Este entendimento podia soar, naquela ocasião, como uma postura relaxada, mas exprimia o que até mesmo os torcedores mais apaixonados e confiantes de outros clubes tinham certeza. Este título nacional foi muito óbvio. Óbvio porque os mineiros azuis são os mais merecedores e donos de um verdadeiro time de futebol, não apenas de um elenco.

Fez-se justiça no Brasileirão. Graças aos deuses do Futebol!

Felipe Piccoli

Felipe Piccoli é especializado em jornalismo esportivo desde 2008. Com passagens pela Rádio Bandeirantes e pelo jornal Marca Brasil, hoje ele é coordenador de reportagem da Band.

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