Revolução e Renascimento: Como a França Moldou a História da Arte Mundial
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Ao pensar na França, pensa-se em arte. Uma viagem à França não estaria completa sem uma visita ao Museu do Louvre em Paris ou a outros espalhados pelo país. Em cada esquina, é possível encontrar um artista preparado para pintar um quadro. É essa simplicidade no amor pela arte que torna os franceses tão orgulhosos de sua cultura e tão encantadores para o resto de nós.
Mesmo sem conhecimento sobre arte, nomes como Edgar Degas, Édouard Manet, Claude Monet, Eugene Gauguin, Pierre-Auguste Renoir, Henri de Toulouse-Lautrec e Henri Matisse soam tão familiares que nos parecem todos uma série de velhos amigos perdidos. Esses artistas dos séculos XIX e XX são tão parte do nosso psicológico que também se tornaram parte do nosso vocabulário.
Os franceses mantêm um caso de amor com a expressão artística desde o alvorecer da humanidade, e para entender o porquê, é preciso voltar no tempo.
Para facilitar o entendimento, podemos dividir a arte francesa em cinco principais períodos históricos: Pré-história, as eras Celta e Romana, a Idade Média, o Início da Modernidade e o Período Moderno.
PRÉ-HISTÓRIA
A arte europeia mais antiga conhecida é do período Paleolítico Superior, entre 40.000 a 10.000 anos atrás. A França possui muitas obras desse período, incluindo pinturas rupestres. Uma das cavernas mais famosas, descoberta em dezembro de 1994, é a Caverna Chauvet, localizada na região de Ardèche, no sul da França.
Muitos consideram a descoberta desta caverna como um dos locais mais importantes de arte rupestre pré-histórica do mundo, graças à sua antiga datação de 30.000 a 33.000 anos atrás, e à preservação e abundância da arte. Animais predadores como leões, panteras, ursos, corujas, rinocerontes e hienas cobrem as paredes da Caverna Chauvet, ao invés dos mais comuns cavalos, gado e renas vistos na arte rupestre paleolítica.
Nos períodos seguintes, do período Neolítico à Idade do Bronze, a fascinação francesa pela arte continuou a florescer com pedras pintadas, trabalho em pedra e esculturas sendo produzidas.
PERÍODOS CELTA E ROMANO
Os Celtas chegaram à atual França por volta de 450 a.C., e sua cultura foi uma grande influência na produção artística durante a Idade do Ferro. Desprovidos de simetria e padrões lineares, os Celtas criaram itens práticos do dia a dia, como vasos, copos e tigelas. Eles também fizeram joias e armas em bronze e ouro. Quando a Gália (como a região era conhecida) passou a fazer parte do Império Romano, do primeiro século a.C. ao quinto século d.C., a arte nesta região mudou drasticamente. Não foi apenas a arquitetura romana que mudou esteticamente e artisticamente a face desta região; foi a criação de afrescos, mosaicos, vidraria, joias e cerâmica e o ensino dessas práticas artísticas que tiveram grande influência nas pessoas. Ainda hoje, é possível ver restos de muita arte romana nas cidades francesas.
IDADE MÉDIA
O surgimento da dinastia Merovíngia dos Francos (séculos V-VIII d.C.) mudou a face da arte na região conhecida como Francia. A escultura regrediu como forma de arte, mas a decoração celta fez um retorno e as pessoas já não sentiam a necessidade de construir robustas construções românicas. Imediatamente após esse período, durante o Renascimento Carolíngio (750 d.C.-900 d.C.), a realeza patrocinou artistas pela primeira vez por suas obras, que incluíam desenhos, trabalhos em metal, mosaicos, afrescos e esculturas em pequena escala. Com o fim do domínio Carolíngio por volta de 900 d.C., a produção artística chegou a um fim abrupto. Lutas internas entre as províncias dividiram a região, com monges sendo as únicas pessoas realmente produzindo arte como um meio de promover o Cristianismo.
No entanto, a divisão em regiões significou o desenvolvimento de uma diversidade de estilos artísticos, com artistas buscando inspiração no exterior e em eras passadas. De 1000 d.C. até 1250 d.C., surgiu o aumento da arte românica, e estilos góticos (que se originaram na França) estavam se desenvolvendo. A arquitetura era imponente e a escultura românica estava sendo integrada aos designs. Motivos na forma de bestas monstruosas também estavam se tornando uma característica. Ouro, prata e outros tipos de trabalho em metal, escultura, design de vitrais e afrescos estavam sendo produzidos em abundância, com a pintura também emergindo. No século XII, as catedrais de St. Denis (1140) e Chartres (1145) se destacaram como os primeiros exemplos de arte gótica, afirmando os franceses como visionários e revolucionários no design de arte. Ainda hoje, é possível ver esses exemplos por toda a França.
PERÍODO MODERNO INICIAL
Com o Renascimento varrendo a Europa no final dos anos 1400, a França se tornou um dos principais centros de arte. Inspirados pela arte da Itália, escultores franceses como Jean Goujon e Germain Pilon estavam na vanguarda do Renascimento Francês enquanto Jean Cousin e Jean e François Clouet fizeram nomes para si mesmos como artistas de retratos. O Maneirismo, termo dado às figuras míticas alongadas e graciosas retratadas em escultura e pintura, também surgiu.
No início dos anos 1600, o grandioso estilo da arte barroca se materializou devido à Igreja Católica querer se reviver após a revolta protestante no século anterior. Mais tarde neste século, a arte francesa foi referida como Classicismo, porque os artistas aderiram a certas regras de proporção e moderação não características do Barroco. No século seguinte, surgiram os movimentos Rococó e Neoclassicismo com a pintura de nus femininos, cenas teatrais e mitologia grega e romana se tornando assuntos populares. Artistas como Nicolas Lancret e Antoine Watteau foram dois dos pintores mais famosos desta época.
PERÍODO MODERNO
A Revolução Francesa mudou a arte na França com muitos artistas influenciados pelo reinado de Napoleão. No entanto, paisagens e assuntos românticos também se tornaram populares. Um dos fundadores do Movimento Impressionista, Edouard Manet, é visto por muitos como levando a França (e o mundo) para a era moderna da arte. Manet começou a pintar e retratar a vida moderna na França. Monet, Renoir e Degas também foram contemporâneos. No final dos anos 1800, pós-impressionistas como Toulouse-Lautrec e Gauguin retrataram o submundo colorido de Paris e da Polinésia Francesa, respectivamente.
Este século consolidou Paris como o epicentro artístico mundial. Artistas empoderados pela liberação do Impressionismo usaram cor e conteúdo em seu trabalho. O Surrealismo foi um movimento que seguiu. A arte africana continuou como uma influência. Paul Cézanne foi o artista francês mais famoso vivendo nessa época, assim como Pablo Picasso, que morava em Paris.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial e nas décadas seguintes, a cena artística francesa se dividiu em dois. Havia aqueles artistas que continuavam com as lições aprendidas com mestres anteriores, e aqueles que procuravam inspiração em outros lugares. O movimento Pop Art em Nova York nos anos 1960 influenciou contemporâneos como Yves Klein. O grafite também se tornou uma forma de arte durante esse tempo. Alguns críticos argumentam que eventos históricos como o Holocausto e a política influenciam muitos dos artistas franceses modernos de hoje.
Independentemente da influência ou estilo, a França permanece a capital artística do mundo.
Esse texto foi publicado originalmente na edição número 190 da revista Artist’s Palette.
Camila Nogueira Nardelli
Leitora ávida, aficcionada por chai latte e por gatos, a socióloga Camila escreve sobre desenvolvimento pessoal aqui no El Hombre.
27 de fevereiro de 2024
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