Série olímpica: judô

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De treinos em um dojô improvisado na garagem do prédio em que morava com seus pais para se tornar um dos atletas brasileiros com grande possibilidade de conquista de uma medalha de ouro na Olimpíadas do Rio em 2016.

Essa é a trajetória do judoca Charles Chibana, líder atual do ranking mundial de sua categoria (até 66 kg). Sua caminhada teve início em casa, com a companhia de primos, tios e, sobretudo, com os incentivos apaixonados de seu avô Kohan Chibana.

Em entrevista exclusiva ao El Hombre, logo após uma atividade no seu clube Pinheiros, Charles contou como os treinamentos no seu prédio ao lado dos familiares o ajudaram a se tornar referência no judô.

Grande parte da família Chibana ainda mora nesse mesmo edifício residencial construído pelo avô Kohan (falecido há três anos), na Vila Carrão, Zona Leste de São Paulo.

“Meu avô teve oito filhos. Ele construiu o prédio e sete de seus filhos ainda moram lá com suas famílias, além da minha avó. Comecei a treinar no prédio quando era pequeno. Nós montamos um local para treinar e lá a gente faz um treino em família. Apanhei bastante dos meus tios e primos. Isso me ajudou demais (risos) e também me fez crescer. Melhorar os fundamentos e ainda brincar em família não tem coisa melhor”, contou Charles, que recentemente se mudou da casa dos pais.

“Meu avô praticava karatê. Por gostar da filosofia do judô, quis que todos os netos fizessem judô. Nós somos em 20 netos. Imagina se todos fossem atletas profissionais. Íamos dominar tudo (risos). Por causa disso comecei bem cedo. Foi com três anos. Ainda bem que deu certo”, explicou o atleta, que tem na família outros representantes profissionais e de potencial no judô nacional: os primos Gabriela e Mike.

O clã Chibana tem colhido frutos e projeta novas conquistas. Charles foi medalha de ouro no Grand Slam de Tyumen, na Rússia, no fim do mês de agosto. O feito o deixou mais tranquilo na liderança do ranking mundial. Mas ser o atual melhor do mundo não deixa Chibana satisfeito por completo.

“Tenho muito caminho pelo frente para consolidar mais minha carreira e conseguir meu grande sonho: a medalha de ouro na Olimpíada”, disse o rapaz, que foi eliminado nas oitavas de final do Mundial deste ano. “Quem quer ser campeão da Olimpíada precisa mostrar o melhor sempre.”

Com uma família de mais de 40 pessoas, Chibana sabe que tem uma torcida grande em casa para conseguir se igualar aos medalhistas de ouro do judô brasileiro Aurélio Miguel (1988), Rogério Sampaio (1992) e Sar ah Menezes (2012).

E, quem sabe com a tal desejada conquista, Charles consiga retribuir o amor, a dedicação ao esporte e os ensinamentos da filosofia do judô a todos os familiares para o chefe do clã Chibana.

Então que venha uma medalha de ouro em 2016, fruto de treinos na garagem, em homenagem ao seu Kohan.

Felipe Piccoli

Felipe Piccoli é especializado em jornalismo esportivo desde 2008. Com passagens pela Rádio Bandeirantes e pelo jornal Marca Brasil, hoje ele é coordenador de reportagem da Band.

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