Não, não defendo que sexo, pra ser bom, tem que ter amor. Como disse, sempre sabiamente, Rita Lee: sexo antes, amor depois. O que defendo é que sexo sem intimidade é como um jogo de azar, uma festa frenética em que você se embriaga, faz besteira e acorda com uma ressaca descomunal.
Mas e a intimidade? Não, não tem nada a ver com amor – aliás, desconfio que o amor só tenha a ver com ele mesmo. Intimidade é essa coisa de poder terminar de transar e falar uma bobagem qualquer. Rir do outro e de si mesmo e continuar tendo um prazer silencioso, quieto, intuitivo.
Acho cruel essa ditadura de que sexo bom é sexo pornográfico: com posições inimagináveis, gemidos mais que audíveis, manchas roxas no dia seguinte e muita putaria. Isso é bom? Sem dúvidas. Mas quando a intimidade vem, tudo isso fica melhor ainda.
Afora a questão da troca de energia íntima — a qual (me chame de hipponga quem quiser) acredito que deva ser trocada com cautela — quando se tem intimidade o sexo flui de uma maneira mais natural.
Quando você é íntimo a alguém, pode dizer/demonstrar o que gosta e o que não gosta sem que isso pareça estranho ou invasivo. Quando se tem intimidade ninguém finge orgasmo, ninguém chupa sem vontade, ninguém faz o que não quer pra impressionar.
A intimidade é o primeiro ingrediente para que duas pessoas possam, de fato, se descobrir sexualmente e só então se entregar – porque, o que é o sexo senão a arte da entrega?
Antes de ser carne, sexo é espírito, envolvimento, energia – mesmo aquele sexo que você escolheu que fosse só sexo precisa de intimidade pra funcionar: aquele sentimento que te deixa a vontade pra despir o corpo e a alma.
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