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Sobre os breves amores de metrô

Gostamos de acreditar que somos especiais, dignos de uma intervenção divina em nossas vidas tão humanas.

Nós, que moramos em grandes metrópoles e usamos metrôs e trens para nos locomovermos de um ponto ao outro, seja de casa para o trabalho, do trabalho para casa de um velho amigo, da casa de um velho amigo para uma balada na Augusta, fatalmente já nos apaixonamos por um passante.

Que atire a primeira pedra quem nunca se apaixonou em alguma plataforma e quis muito dizer “oi” para mãe dos seus futuros filhos, mas aí o trem chegou e levou todos os seus planos perfeitos embora numa rapidez estonteante.

Conheço gente que foi ao mesmo café, no mesmo horário e no mesmo dia da semana por um tempão, só para ver se aquela determinada pessoa, aquele passante apaixonante, cuja voz é desconhecida, reapareceria. E, aí sim, teria alguma chance de um destino digno de filme do Walt Disney.

No fundo, faz bem para as nossas almas acreditarmos que aviõezinhos de papel serão matéria-prima do tal do destino e que eles podem nos levar, mesmo que a revelia, até o lugar onde deveríamos estar.

E quando estivermos nesse tal ponto mágico, onde Espaço x Tempo se harmonizam, teremos então a merecida sorte de dividirmos uma torta holandesa e um cafezinho com o nosso amor-à-primeira-vista-e-para-a-vida-toda.

Nosso sábio (ou nem tanto) consciente tenta nos avisar de muitas maneiras que isso não acontece. Insistimos, porém, em pensar que somos uma exceção à regra cósmica.

Contamos para nós mesmos que a fantasia pode acontecer conosco, afinal aconteceu com a amiga da sua prima e ela esta casada até hoje.

A amiga da sua prima não é melhor do que você, certo? Ela não é mais merecedora que você. Você é tão bom o quanto, quiçá até melhor e há de haver justiça nesse raciocínio louco que orquestra coincidências felizes.

Neguemos o quanto quisermos, mas no nosso imaginário reside a esperança de um final digno de roteiro de filme do Walt Disney.

*Se essa situação tem atazanado sua vida, talvez esse app seja a solução.

Rebeca Galabarof
Rebeca Galabarof
A atriz paulista Rebeca Galabarof é modelo de webcam desde 2009. Ela possui uma agência, chamada Studio VCH, que cuida da carreira de outras camgirls.