InícioAtitudeCarreiraSua empresa merece (ou não) mais investimentos?

Sua empresa merece (ou não) mais investimentos?

Todo empreendimento requer investimentos.

Por isso, ao criar uma empresa, os sócios injetam um capital que será considerado o investimento inicial. Ao longo dos anos o negócio continuará a requerer investimentos periódicos a fim de garantir sua sobrevivência, crescimento e melhoria. Naturalmente, quando um investidor aplica parte de seu dinheiro em um empreendimento, ele alimentará expectativas quanto ao retorno. O payback (prazo de retorno) e o ROI (retorno sobre o investimento) são índices de importância decisiva para se avaliar a viabilidade do negócio.

Muitos investimentos começam a dar retorno depois de dois anos ou mais.

Essa realidade impõe ao empreendedor a necessidade de aguardar com paciência o momento adequado de usufruir dos ganhos financeiros proporcionados pela empresa. Enquanto não chega esse tempo, a ordem é continuar investindo e reinvestindo no fortalecimento e consolidação do negócio.

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O dia a dia tem nos mostrado uma dura realidade, porém: nem todas as histórias de investidores que tinham boas ideias, dinheiro e aproveitaram oportunidades aparentemente “excelentes” têm um desfecho feliz. A mortalidade de empresas é um mal que tem afligido muitos negócios em seus primeiros anos de vida. Os prejuízos são enormes. Por isso, é necessário que tratemos do tema desinvestimento com a mesma naturalidade que se fala em investimento.

Infelizmente não é isso que acontece.

O desinvestimento é visto como tabu, pois geralmente se reveste de sentimentos negativos ligados à derrota, incapacidade de levar o sonho adiante, erros de planejamento, falta de persistência, dentre outros. Tudo isso não passa de preconceito. Há várias circunstâncias em que o desinvestimento será a melhor saída. Algumas delas, inclusive, são decisões inteligentes e sensatas.

Há sinais que apontam o momento adequado para desinvestir:

#1 Quando parte do negócio não está correspondendo às expectativas

Para uma rede de pontos de venda, uma filial deficitária pode ser alvo de um corte. O mesmo pode ocorrer com um produto que dá sinais de estagnação e obsolescência. O desinvestimento, em casos como esses, será parcial. Quem administra a empresa deverá agir tal qual um jardineiro que vai podando os galhos e ramos secos e infrutíferos a fim de que eles não prejudiquem futuro e o crescimento da planta.

#2 Para aproveitar oportunidades de valorização do negócio

Há empreendedores que montam empresas novas ou recuperam aquelas à beira da falência e as fazem desenvolver de tal forma que valorizam significativamente o negócio. Quando a empresa chega no auge de seu ciclo evolutivo, eles resolvem desinvestir. Parece ser algo estranho? De modo nenhum. É uma estratégia para fechar negócio enquanto o patrimônio consegue obter um excelente preço de venda. É importante frisar que, em casos como esse, não há uma relação de sentimentalismo, nem de apego exagerado à empresa. Ela é vista como (mais) um produto que pode será oferecido ao mercado no momento oportuno.

#3 Caso o negócio se torne inviável

Este é o caso do empresário que vai liquidar a empresa após constatar que não adianta tentar remediar problemas crônicos e crescentes. As razões podem ser várias: pessoais, familiares e também econômicas. Quando o crescimento para, os balancetes mensais insistem em fechar no vermelho e as injeções de capital externo são insuficientes para cobrir os rombos financeiros, é hora de tomar a decisão de desinvestir. É preciso deixar a vaidade, o orgulho e a preocupação com a aprovação social de lado e fazer o que é imperativo: estancar os prejuízos antes que seja tarde demais.

Conheço gente que se comporta como os capitães de navios dos filmes-catástrofe: permanecem impassíveis e resignados a bordo, enquanto o barco submerge. Realmente, pode parecer bonito, poético e sentimental para o contexto do enredo. No entanto, quando transpomos a situação para um negócio que está no mundo real, temos que ser pragmáticos para buscar a solução mais prática, rápida e indolor. Com o tempo, todos chegarão à conclusão de que, em função das circunstâncias, o recuo foi a decisão mais prudente e madura, fruto de uma visão estratégica que conseguiu alcançar com clareza as ameaças e cenários sombrios no longo prazo.

Diferente de um capitão com o seu navio, você não precisa afunar com a sua empresa
Diferente de um capitão com o seu navio, você não precisa afundar com a sua empresa
Flávio Emílio Cavalcanti
Flávio Emílio Cavalcanti
Flávio Emílio Cavalcanti é professor universitário, consultor organizacional, administrador e mestre em Gestão de Recursos Humanos.