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Tchê, o homem que treinou Senna

Vinte anos. Um tempo sem alegrias aos domingos. Uma eternidade para os apaixonados por automobilismo. A saudade ainda permanece viva. O esporte brasileiro não é mais o mesmo em virtude do dia 1º de maio de 1994.

Ayrton Senna, o eterno.

O El Hombre fez uma singela homenagem com a lembrança do começo da história de sucesso e do auge de Senna que todo brasileiro conhece muito bem: o tricampeonato mundial de Fórmula 1.

E quem conta isto para vocês, hombres, é um personagem que muita gente que gosta de automobilismo talvez não conheça.

O seu Lucio Pascoal Gascon, conhecido no meio simplesmente como “Tchê”, foi quem acompanhou de perto a carreira de Ayrton Senna ainda no kartismo.

No dia 1º de junho de 1974 a vida de Lucio começou a mudar.  Foi quando ele teve o primeiro contato com um jovem – e talentoso – piloto de gênio forte chamado Ayrton Senna da Silva.

Tchê trabalhou durante 7 anos com Senna e era considerado um segundo pai por ele.

E é sobre este período que Tchê vai nos contar agora.

Hoje completamos 20 anos sem Senna…

Fico com uma dor gigantesca no coração. Ele foi uma grande e excelente pessoa. Ele mereceu tudo aquilo, só não mereceu morrer tão jovem assim.

Como foi seu contato com Ayrton?

Desde pequeno o Senna já treinava muito, trabalhava muito. Corria todo dia, com chuva ou sol. Ele pequenininho já conhecia bastante de mecânica. Depois de cada volta, parava e mexia no kart. E não permitia que falassem com ele enquanto estava trabalhando no carro.

No kart, você já via que ele se tornaria um grande piloto?

Percebia e não quero me gabar disso. Trabalhei com muitos pilotos bons, como o Fittipaldi e o Chico Serra, mas nenhum deles era tão dedicado quanto o Senna. Na pista, ele fazia de tudo para tirar um milésimo de segundo por volta.

O que mais você pode nos contar dele?

Ele errava bastante no começo, como qualquer piloto. Mas, então, o Senna começou a treinar intensamente e sempre perguntava se podia fazer alguma coisa nos ajustes. Ele montava motores sozinho, media a pressão dos pneus e fazia todos os ajustes por conta própria, desde pequeno.

Sua dedicação também é famosa…

O Senna era o primeiro piloto a entrar na pista de manhã e o último a voltar para os boxes de noite. Ele era muito dedicado.

Você se lembra de algum momento marcante com ele?

Ele procurava enfrentar sempre os melhores pilotos, para provar que conseguia andar na frente de qualquer um. Tinha um estilo de pilotagem bem agressivo e gostava de ultrapassar os mais lentos de qualquer maneira. Era engraçado.

Mais alguma memória?

Outra coisa legal: ele reduzia mais marchas do que os outros. E para não rodar na pista molhada, não freava. Lembro que Senna chegou a fazer uma corrida de Fórmula 3 sem freios. Ele era fenomenal. Será difícil termos outro igual a ele. Na verdade, não teremos.

Diego Marques
Diego Marques
Diego Marques é formado em Rádio & TV pela FAAP; fez um curso de televisão na National Film and Television School, em Londres; e estudou cinema na New York Film Academy.