Tenho lido seus textos no blog e admiro o seu trabalho pela coragem e honestidade em mostrar o quanto uma mulher pode ser independente social e sexualmente num país ainda tão machista como o Brasil.
Apesar disso, quando leio o que escreve, vejo o quanto me falta para ter uma vida social e sexual minimamente satisfatória. Vou te contar a minha (triste e verdadeira) história e, caso você possa me ajudar ou orientar, agradeço imensamente.
Sempre fui uma pessoa tímida e introvertida. Tenho poucos e raros momentos de extroversão que são rapidamente “destruídos” por fatos que me fazem entrar em fases melancólicas/depressivas (pessoas próximas que se casam, colegas que ficam grávidas, mulheres por quem me interesso não me correspondem, etc.)
Na adolescência, quando os impulsos e desejos sexuais normalmente surgem, me interessava por meninas do colégio, mas nunca tive coragem de me aproximar delas por causa da minha timidez. Apenas tinha contato com meus colegas, com quem conversava e, por exemplo, jogava futebol. Mas não me relacionava com eles: tudo se limitava à escola. Minha rotina era essa: casa-escola, escola-casa.
Na faculdade, a rotina continuou: interesse por colegas, mas sem tentar algo mais íntimo ou direto com elas. Até essa época, vivia com meus pais, que são mais velhos que a média dos pais de pessoas da minha idade (hoje, meu pai tem 76 anos e a minha mãe, 68 anos) e talvez por isso tenham me dado uma educação mais rígida e menos liberal que a dos meus colegas.
A combinação isolamento, falta de relacionamentos e educação pouco liberal “forjou” esse ser humano quase “anormal”: um homem, de 34 anos, que nunca namorou e é virgem. Sei que pra você deve ser chocante e surpreendente ouvir uma estória como essa, ainda mais alguém como você que lida com essas questões de uma forma tão natural e prazerosa, mas infelizmente ela é verdadeira.
Estou começando a perder, ou efetivamente perdendo as esperanças de ter uma vida sexual e ser um eterno celibatário.
Agradeço qualquer conselho ou orientação que você possa me dar, mesmo você talvez nunca tenha conhecido algo parecido. Mas tive a ideia de entrar em contato com você quase que como uma “última esperança” de ser feliz (algum dia).
Muito obrigado e parabéns pelo seu trabalho.
Nossa, rapaz! Realmente, seu caso é preocupante.
Inicialmente, o que me chamou atenção no seu relato foi você alegar se sentir deprimido quando pessoas próximas se casam. Imagino que isso o faça se lembrar das próprias frustrações, mas não dá para se deprimir diante da felicidade dos outros.
Todos os dias, conhecemos histórias de pessoas de sucesso, bem sucedidas, ricas e lindas como nunca seremos. Se fôssemos nos deprimir com cada êxito daqueles ao nosso redor, nem sairíamos do lugar. Por que não usar o sucesso das outras pessoas como motivação para seus objetivos?
Não quero, por exemplo, que minhas histórias te deixem deprimido só porque tenho uma vida sexual mais agitada que a sua. Escrevo para inspirar as pessoas a realizarem as próprias vontades em busca de prazer, sem melindres, assim como eu faço.
Pense que é fácil se aproximar das pessoas, se você não deposita expectativas nesse gesto. Ao ver alguém com interesses em comum, basta puxar assunto, dar um sorriso, apresentar-se. Tentar, assim, construir uma relação. Depois é preciso tentar marcar outros encontros, trocar telefones, adicionar no Facebook e manter contato.
Amizade e amor dependem de uma construção dia a dia. Você pelo visto tem o bloqueio da timidez que te impede de ter iniciativa. Mas sem furar esse bloqueio dificilmente será capaz de encontrar alguém legal para te dar carinho. E viver em solidão, em geral, causa carência, deprime, angustia.
Já está mais do que na hora de você conhecer o sexo, não é mesmo? Por que nunca procurou uma profissional? Acho que a vantagem de transar com uma prostituta é que você vai ficar mais experiente para quando conseguir sair com uma pretendente.
Pode até pedir à garota de programa para te ensinar como tocá-la, como estimular o prazer de uma mulher. Mas isso pode ser apenas uma experiência pontual, se a ideia não te agrada.
Porém o mais importante é que você saia dessa sua bolha e vá para o mundo! Convide colegas e conhecidos para sair a fim de estreitar as relações de amizade. Converse, ria, vá a festas e bares. Viaje, mesmo que sozinho – hostels são ótimos ambientes de sociabilidade.
Observe as garotas dos locais que frequenta, tente bater papo com elas. Entre no Tinder e outros sites de relacionamento (a internet também pode ser um bom lugar para conhecer novas pessoas). Esteja aberto e mostre-se simpático com as pessoas ao seu redor.
Quando estiver com uma mulher, lembre que elas gostam de ser bem tratadas, de se sentirem valorizadas. Melhor evitar demonstrar insegurança, mas também não precisa fingir ser algo que não é. Agir de forma artificial pode causar estranheza e tornar tudo mais chato. Permita-se o tempo de se sentir à vontade. Só não espere muito mais para isso, porque afinal você já esperou horrores.
De qualquer forma, ainda dá para correr atrás do tempo perdido. Mexa-se!
E não deixe de procurar terapia. Depressão é uma doença que pode ser tratada.
Boa sorte.
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