Com um orçamento colossal de US$ 320 milhões, The Electric State estreou em março de 2025 como a maior aposta da Netflix até hoje — tanto em ambição quanto em investimento. Dirigido pelos irmãos Anthony e Joe Russo, conhecidos pelo sucesso estrondoso de Vingadores: Ultimato, o filme tinha tudo para ser um marco da ficção científica na plataforma. Baseado na graphic novel de Simon Stålenhag, o longa-metragem combina estética retrofuturista, cenários grandiosos e uma premissa emocional: a jornada de uma jovem em um mundo devastado tecnologicamente em busca de seu irmão desaparecido.
A protagonista é interpretada por Millie Bobby Brown, estrela de Stranger Things, que embarca em uma aventura ao lado de um robô companheiro e encontra um contrabandista vivido por Chris Pratt. O elenco de peso ainda conta com Giancarlo Esposito, Stanley Tucci, Woody Harrelson e Anthony Mackie. Mesmo com tantos ingredientes promissores, o filme tropeçou em aspectos fundamentais — especialmente no enredo e no desenvolvimento dos personagens.
Apesar de ter liderado o ranking de visualizações na Netflix nos primeiros dias após o lançamento, The Electric Staterapidamente perdeu fôlego — tanto em audiência quanto em avaliação da crítica. No Rotten Tomatoes, amarga uma taxa de aprovação de apenas 15%, com uma média de 3,7/10. Já no Metacritic, a nota é igualmente decepcionante: 38/100.
Os principais veículos especializados foram contundentes. O The New York Times classificou o longa como “óbvio, espalhafatoso e simplesmente besta”. Já a Variety acusou o roteiro de abandonar as sutilezas poéticas da obra original em troca de uma narrativa genérica sobre liberdade, família e preconceito — temas tratados de forma superficial. As atuações também foram questionadas: Millie Bobby Brown, que em outros projetos demonstrou força dramática, foi descrita como apática e pouco expressiva nesta produção.
Outro ponto criticado foram os diálogos, que soam artificiais, e a direção de arte, embora visualmente bonita, acabou ofuscando a emoção da história. Muitos analistas apontaram que o filme parece mais preocupado em impressionar com efeitos especiais do que em contar uma boa história.
Com o desempenho morno de The Electric State, a Netflix entra em uma nova fase de reflexão sobre sua estratégia de investimento em blockbusters originais. Embora tenha conseguido grandes acertos no passado, como Resgate e Alerta Vermelho, a plataforma agora convive com o desafio de equilibrar custo e retorno — não apenas em termos de visualizações, mas também de reputação crítica.
Nos três primeiros dias de exibição, o filme teve 25,2 milhões de visualizações. Porém, em uma semana, já havia sido superado por produções como Twister: Caught in the Storm e Kraven, o Caçador. O engajamento nas redes também foi baixo, e a hashtag do título não chegou a figurar entre os trending topics globais, algo incomum para uma produção desse porte.
Analistas da indústria avaliam que o caso de The Electric State pode servir como exemplo de um modelo de negócio insustentável a longo prazo, caso a Netflix não encontre formas de garantir qualidade narrativa em paralelo aos gastos com elenco e efeitos visuais. A própria plataforma já sinalizou mudanças em sua política de aprovação de grandes projetos, com foco maior em controle criativo e eficiência orçamentária.
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