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Para quem você não emprestaria dinheiro de jeito nenhum? Afinal, a gente sempre sabe — ou acha que sabe — quem tem talento para o calote. Mesmo assim, se na sua lista dos créditos impossíveis estiver o governo — por achar que ele é corrupto, ladrão, antiético, etc —, melhor repensar, pois você está perdendo uma ótima oportunidade de ganhar dinheiro. E de forma segura.

É o governo o responsável por emitir títulos públicos, tema desta coluna. Por meio do Tesouro Nacional o governo vende esses títulos no mercado e usa o dinheiro para financiar seus projetos em educação, saúde, infraestrutura etc. É assim que se forma a dívida interna de um país, tomando emprestado de sua própria população.

Mas, vamos combinar, ninguém empresta dinheiro a juros zero, né? É por isso que os títulos públicos oferecem um retorno financeiro no médio e longo prazo para quem os adquirir. Ao comprá-lo, você adquire um título de dívida, ou um pedaço de dívida, e tem a garantia de que vai receber esse dinheiro acrescido de juros num prazo pré-determinado.

Se são seguros? Extremamente. Pense numa coisa: a chance do governo quebrar e te dar o calote é igual à chance do Corinthians deixar de ser eterno freguês do Palmeiras quase zero. A reputação do Brasil é excelente no mercado internacional. Além disso, eles geralmente oferecem um retorno maior que a própria poupança. Outra vantagem é que você pode comprar e vender toda semana, sem necessariamente ter que ficar com o papel por todo o ciclo de investimento. Por que você não sabia que eles existiam? Porque eles ainda são muito pouco divulgados. Mas por quê? O porquê eu não sei.

Mas, claro, como tudo na vida, os títulos também têm seu lado ruim. O rendimento desses ativos acompanha a taxa básica de juros, a Selic, e a inflação, o IPCA. Se o juro está baixo, o rendimento cai e o papel torna-se menos atrativo; se o juro está alto, o inverso. Atualmente nossa taxa de juros está em 9% ao ano, patamar bastante convidativo para investir em títulos. Quanto à inflação, ela dificilmente sai do controle e do patamar dos 5% e 6%. Mesmo assim vale a pena consultar os títulos indexados a ela.

Antes de começar a negociá-los, algumas dicas. Visite o site do Tesouro Nacional, lá você aprenderá o “be a bá” sobre os títulos públicos. Depois, procure uma corretora de valores, que sempre intermediará a negociação desses ativos. Compare as taxas de administração de cada uma delas e escolha a mais barata. Fique atento aos prazos de vencimento dos papéis: procure alinhar a data de vencimento do título com a data em que você precisará dos recursos investidos.

Ah, e o melhor: eles são baratinhos. Se você não quiser adquirir um papel inteiro, cujos preços variam de R$ 660 a R$ 5.800, mais ou menos, você pode adquirir parte deles pelo aporte mínimo de R$ 30. Para descobrir se os títulos públicos são para você, dê uma olhada nesse tutorial do Tesouro. Fé na luta e boas compras, hombre.

André Rossi

Jornalista especializado em finanças, André Rossi passou pelo curso de jornalismo econômico do Estadão e atualmente é repórter da revista Capital Aberto. Toda noite, antes de dormir, ele acende uma vela para Jesus ajudar o seu Palmeiras a subir.

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