Seu avô, pai e tios certamente já lhe contaram muitos causos do mundo da bola que aconteceram no passado. Quem nunca ouviu o que foi a Democracia Corintiana orquestrada por Sócrates? Esqueça, porém, tudo o que já viu e leu: de democracia ela não tinha nada. Era, na verdade, a Ditadura de Sócrates.
O que todos sabem sobre muitas lendas e mitos do futebol, contudo, serão desmitificados a partir de agora. Mérito dos jornalistas Leonardo Mendes Junior (ESPN, Gazeta do Povo) e Jones Rossi (Globo, Veja) que são autores do livro “Guia Politicamente Incorreto da História do Futebol”.
O livro trabalha na contramão de tudo o que já fora escrito sobre os temas. Os autores fizeram uma ampla e trabalhosa pesquisa para encontrarem fatos novos sobre os mitos do mundo da bola. Os assuntos são polêmicos e intrigantes para os amantes do esporte. Exemplos:
- Charles Miller não foi o primeiro a trazer o futebol para o Brasil
- A seleção brasileira mereceu perder a Copa do Mundo de 1982
- A Espanha de 2010 aprendeu a sua filosofia com o Brasil de 1994
- E Ricardo Teixeira é o responsável por um futebol brasileiro de clubes pulsante
Estes são alguns do temas — e o autor Jones Rossi explica agora, em um bate-papo com o El Hombre, um pouco mais sobre o processo de criação do curioso livro. Boa leitura, hombres!
Como surgiu a ideia de escrever o livro?
Foi em uma conversa informal, na mesa do bar, com o Leandro Narloch, criador da série Guia Politicamente Incorreto, e com o Leonardo Mendes Jr. No meio de umas cervejas sugeri ao Leandro que chamasse o Léo, então editor-chefe da revista da ESPN, para escrever um guia sobre a Copa do Mundo. O Leandro achou interessante, mas o assunto morreu ali. Um ano depois ele entrou em contato comigo perguntando se eu e o Léo não toparíamos escrever um Guia sobre o Futebol.
Como escolheram os temas as serem abordados?
Pensamos, como diz Machado de Assis, nas opiniões que as pessoas ouvem nas esquinas e repetem na sala de casa e vice-versa. São aquelas “verdades” repetidas sem muita reflexão, como a de que o Brasil “vendeu” a Copa de 98, ou o Zagallo “distribuía as camisas” na Copa de 70.
Quais foram as descobertas mais surpreendentes durante o trabalho de pesquisa?
Para mim, foi como os próprios jogadores que disputaram a Copa de 1982 valorizam o time italiano, enquanto a imprensa brasileira teima em desqualificá-lo. Nos depoimentos, quase todos os jogadores deixam claro a qualidade daquela equipe, e o quanto ela mereceu a classificação e o título.
Qual a lenda desmitificada te pegou mais de surpresa?
A Democracia Corintiana. Seria lindo que ela fosse exatamente o que todo mundo acha que ela foi, e não uma ditadura comandada por poucos que expulsava quem ia contra o comando central.
Qual foi a história mais complicada de ser desmitificada? E a mais fácil?
Acho que todas foram difíceis na mesma medida. Exigiram um trabalho extenuante de pesquisa, entrevistas, levantamento de dados e horas vendo documentários.
Qual a história mais fascinante do livro em sua opinião?
Também é difícil eleger uma história mais fascinante. Talvez a minha predileta seja a da Copa de 70, por mostrar como o Zagallo foi revolucionário e como estava à frente de seu tempo.
E qual será a que causará mais impacto ao leitor?
Acho que a da Democracia Corintiana, por ser tão endeusada pela imprensa até hoje. Vai derrubar um mito super arraigado e que é tão caro a vários setores da sociedade. Além, é claro, de estar relacionado ao Corinthians, o clube com a segunda maior torcida do país.
Você está preparado para receber crítica por abordar temas polêmicos?
Estamos preparados para receber as críticas. Os outros livros da série também foram criticados por tocar em assuntos sensíveis nos quais as pessoas preferiam que permanecessem intocados. Então é normal que algumas pessoas se zanguem por ver seus ídolos e conquistas questionados. A reação ao livro nem sempre será positiva.