Os holofotes estavam em cima de Gabriel Medina quando começou a temporada da elite mundial do surfe. Estavam… Agora todos se voltam para outro surfista. E por nossa sorte também é brasileiro.
Embora o atual campeão mundial não esteja fazendo um bom início de campeonato (apenas o 16º colocado), o Adriano de Souza, o Mineirinho, surfa ondas que indicam uma maré positiva para o Brasil chegar novamente ao ápice no fim do ano com mais um caneco da modalidade. Seria a redenção para o atleta de 28 anos.
“Sei que todos que estão no WCT merecem o título, mas o Adriano merece muito por tudo que ele passou”, contou ao El Hombre o irmão do Mineirinho, Angelo Marcos de Souza.
Natural do Guarujá e de origens humildes, Mineirinho, que já figura na elite do surfe desde 2006, é atualmente o líder do ranking mundial e desembarcou no Brasil para a etapa do Rio de Janeiro do WCT (início dia 11 de maio) como principal nome do surfe hoje.
Mineirinho foi campeão no Drug Aware Margaret River Pro, a última etapa do campeonato, ao bater na final o havaiano John John Florence por 17,53 a 16,87 pontos. Com o resultado, chegou aos 24.500 pontos e assumiu a liderança do ranking mundial. O segundo colocado é o australiano Mick Fanning, que soma 16.950.
Outro brasileiro, Filipe Toledo foi campeão da primeira etapa – Gold Coast – e é atualmente o terceiro colocado no ranking. Nas duas outras etapas – Bells Beach e Margaret River – ele ficou em 5 e 25º, respectivamente. A ‘Brazilian Storm’ segue em alta no circuito.
O Começo de Mineirinho
Nós, do El Hombre, traçamos o começo da carreira de Adriano de Souza e lhe apresentamos para que possa conhecer o nosso possível novo futuro campeão.
“Nossa vida era bem difícil. Morávamos em uma comunidade humilde, favela”, contou Angelo Marcos de Souza, irmão do atleta. “A casa dele dava dó. Você encostava a mão no teto de tão baixinha que era. Você chegava lá dava dó. Ele foi muito guerreiro”, relembrou Isaac, amigo e o responsável por fabricar a primeira prancha do atleta.
“Era uma batalha! Nossa vida, quando a gente era mais novo, era uma batalha!”, recordou outro amigo de infância, o Felipe Fagundes. “O Adriano me ajudou muito e é um filho maravilhoso. Ele superou muita coisa”, contou a mãe Lusimar Maria.
As condições na infância de Adriano eram muito difíceis. Ele precisou superar muitos obstáculos para chegar à elite do surfe mundial. Entrou no esporte pela vontade do irmão de desviar o foco de Mineirinho do mundo do crime. “Com o surfe ele ficaria fora da criminalidade. Essa era minha vontade”, contou Angelo.
“Ele era um menino muito dedicado, todos eram dedicados, mas ele tinha uma dedicação diferente. Você via que ele começava a frequentar diariamente, ficava mais tempo na água e queria aprender mais”, contou Alcino Neto, conhecido como Pirata, o primeiro professor surf do Mineirinho.
“Eu levava meus filhos para as competições e comecei a levar o Adriano também. Nós voltávamos com o carro cheio de troféus que ele ganhava. Ele ganhava em todas as categorias, era muito superior a todo mundo”, relembrou Isaac.
Foi com 12 anos que o Mineirinho começou sua carreira. “A partir da primeira viagem internacional dele, o Adriano passou somente dois Natais com a gente. Dá saudade, mas faz parte. E ele merece tudo que conquistou”, lembrou Angelo.
Na elite do Surfe
Desde 2006 na elite do surfe mundial, Mineirinho já foi considerado a grande aposta brasileira para conquistar o título. Não deu. Medina conseguiu antes. Mas atualmente Adriano garante que se sente ainda mais preparado. Pela terceira vez em sua carreira, ele conquistou uma etapa do campeonato. Fato que aconteceu neste ano. Em três campeonatos, terminou como quinto melhor do mundo.
“Tenho me preparado e estou amadurecendo para um dia conseguir este título. Vou fazer de tudo neste ano para terminar o ano da mesma forma que o Medina terminou no ano passado: com o título”, explicou Mineirinho.
Experiência própria
Trabalhei em 2013 com o Mineirinho. Fiz o trabalho de assessoria de imprensa e acompanhei diretamente sua carreira. Posso afirmar que desde aquela época o Adriano mostrava um desejo descomunal de ser campeão. Ele sempre se mostrou também, nos contatos que eu tive, uma pessoa muito humilde e determinada.
Passei a gostar de surfe pela influência dele e, com a ascensão brasileira, consolidada com a estrela de Medina, virei um assíduo informado do circuito mundial da modalidade. Sinto que nesta temporada Mineirinho está ainda com mais ânimo para conquistar o título e se tornar o segundo brasileiro campeão. Ele quer isso, porque sei que pensa que ele é tão bom quanto os outros campeões.
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