Se tem um negócio que gostamos de fazer aqui no El Hombre é discutir teorias de séries.
Já publicamos dezenas sobre Game of Thrones no site. Mas na hora do almoço, o assunto sempre cai no último episódio de outros seriados também: Mr. Robot, The Walking Dead, House of Cards, Better Call Saul… Antes de terminarem, Mad Men e Breaking Bad também renderam vários debates.
Para não perder a tradição, portanto, a redação inteira recebeu uma lição de casa de assistir — para depois discutir — o episódio piloto de “3%”, que será a primeira série brasileira do Netflix, com estreia marcada para 2016.
Ele está disponível no YouTube, dividido em 3 vídeos de mais ou menos 9 minutos cada:
A história, basicamente, é a seguinte. Num mundo distópico existem o ferrado “lado de cá” (onde os menos privilegiados vivem) e o maravilhoso “lado de lá” (lar da elite).
Tudo separado por um imenso muro de concreto, evidentemente.
Quando você completa 20 anos, tem a chance de fazer um brutal e injusto processo seletivo para tentar migrar para o “lado de lá”. Mas apenas 3% das pessoas, como diz o nome da série, conseguem passar.
E com base neste único episódio, já desenvolvemos toda uma teoria do seriado.
Todo mundo aqui concordou que “3%” lembra histórias como Divergentes e Jogos Vorazes, que trazem uma luta de classes entre a elite opressora e os excluídos.
Então vamos pensar um segundo, certo? Qual seria o benefício da elite de “3%” em levar as pessoas mais capazes e inteligentes do “lado de cá” para o seu espaço privilegiado? Ainda mais sabendo que todos têm família e amigos que ficaram para trás?
Em algum momento um desses líderes do “lado de cá” iria se rebelar e dar um jeito de acabar com a segregação.
Ao mesmo tempo, eles precisam dar alguma esperança para a turma do “lado de cá” de que é possível melhorar a sua vida. Senão a revolução viria também uma hora ou outra.
Solução? Criar um processo seletivo, dando a ilusão de que os vencedores teriam acesso a todos os privilégios do “lado de lá” e a chance de talvez mudar o status quo. Essa oportunidade tão “justa” e “generosa” os manteria sob controle, oferecendo uma perspectiva de melhorar sua vida e, quem sabe, do mundo inteiro.
Eles pegam, então, os 3% mais capazes e fazem neles uma belíssima lavagem cerebral, deixando para trás apenas as pessoas com pouca capacidade para liderar um levante. E, de quebra, arrumam uns “robôzinhos” para fazer o trabalho sujo em seu lado. Ou matam logo de uma vez alguns.
(Se você já viu o piloto, lembra o namorado da ruivinhha, que foi selecionado no ano anterior? Ele aparece como um zumbi num momento do episódio. Se você ainda não viu, fique atento a esse detalhe quando assistir.)
Essa estratégia funcionaria perfeitamente porque o pessoal do “lado de cá” não tem acesso algum ao “lado de lá”. Eles sabem apenas o que as autoridades dizem, portanto podem — e devem — estar sendo enganados.
E, pronto, essa é a nossa teoria! Imagino que em algum momento alguém do “lado de cá” vai descobri-la, também, e aí as coisas ficarão feias para a elite do “lado de lá”.
O que achou? Concorda com ela? Será que ela nos renderia uma passagem para o “lado de lá” se contássemos no processo seletivo? Rs. Se você tem outra, deixa aqui embaixo na sessão de comentários. Vamos adorar debatê-la com você.
UPDATE: O Netflix entrou em contato conosco, avisando que o piloto original de “3%”, que foi gravado em 2011, será reescrito e refilmado para a série, com um novo roteiro. Mas ainda temos fé em nossa teoria :)