Num mundo em que filmes e séries são lançados aos milhares todos os anos, em que títulos bons, ruins, meia-boca, incríveis, tantos atores canastrões ou capazes de realizar mágica, tantos trabalhos de tantos países — num mundo desses, o que seria de nós sem o IMDb?
O Internet Movie Database é uma enciclopédia virtual dedicada ao cinema e à TV. É líder por larga vantagem em sua área (o concorrente é o Rotten Tomatoes). Está entre os 50 sites mais populares do planeta, com 160 milhões de usuários únicos mensais. Hoje tem informações sobre 2 950 317 títulos (incluindo episódios de seriados) e 6 029 621 personalidades.
Funciona de uma maneira relativamente simples: espectadores cadastrados dão notas de 0 a 10 no que viram e disso se extrai uma média que leva em conta diversos fatores. Há também a nota dos críticos.
Não tem erro. Qualquer coisa com nota acima de 7 vale seu tempo. Abaixo disso, é fria.
O criador é um cinéfilo com mais de 8 000 filmes no currículo chamado Col Needham. Inglês, 47 anos, ele vive numa vila perto de Bristol e frequenta o mesmo pub toda terça-feira com a mulher.
Colocou o IMDb no ar em 1990, quando a Internet ainda era um lixo lento discado e parecia que ia se desintegrar em seis meses. A Amazon comprou a empresa oito anos depois por uma quantia jamais revelada. Needham continuou à frente do negócio. O primeiro longa que catalogou foi “Tubarão” (nota 8,1). Em fevereiro, Needham estava no Oscar, onde foi cumprimentado efusivamente por Spielberg.
Needham, um típico nerd, tornou-se um homem poderoso e influente numa indústria movida a vaidade. É convidado para as premieres e bajulado por produtores, diretores e atores. Há um serviço chamado IMDb Pro com dados sobre profissionais. Um programa permite avaliar a popularidade das estrelas.
O filme mais bem cotado no IMDb é “Um Sonho de Liberdade”, com Morgan Freeman e Tim Robbins (9,3). O pior é o indiano “Gunday”, com 1,7. “Gunday” acabou sendo alvo de uma vingança no IMDb que é a cara da Internet.
Embora tenha recebido resenhas simpáticas de, entre outros, New York Times e o blogue de Roger Ebert, foi abatido por uma campanha na net. Habitantes de Bangladesh se sentiram ultrajados com o que consideraram um erro histórico no roteiro e organizaram um protesto instando as pessoas a baixar a avaliação no IMDb.
Apesar da reclamação dos produtores, não houve o que se pudesse fazer. Levando-se em conta que você não vai assistir “Gunday”, não chega a ser um problema. Se for, bem, nesse caso, quem mandou confiar em Col Needham?
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