Você está comendo mais sal do que deveria?

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Esta é uma briga antiga dos médicos. Mas, antes de entrar em detalhes, você sabe para que serve o sal exatamente?

O sal que usamos é composto por dois elementos: sódio (Na) e cloro (Cl). Os dois funcionam no organismo para manter o equilíbrio do corpo. O sódio, o mais importante, fica mais do lado de fora das células do que dentro, e é essencial para o cotransporte de várias substâncias, para a geração de energia e, principalmente, para o equilíbrio osmótico.

Caso você se lembre das suas aulas de biologia (ou não), osmose é quando o solvente (água livre) passa de um lado com menos soluto para mais soluto (sal). Ou seja: o sal puxa a água de dentro das células e contribui para equilibrar a pressão.

No entanto, o corpo mantém o sal sempre dentro de um valor estrito: de 135 a 145 mEq. Para fazê-lo, ele precisa de água: portanto, se ingerir mais sal, vai precisar de mais água, e vice-versa. E, ingerindo mais água, ela vai para onde? Para os vasos sanguíneos. E não precisa saber muito de física para supor que, quanto mais água nos vasos, maior a pressão. E voilà. Aí está a relação sódio-pressão.

Chegamos, então, à pergunta: quanto consumir de sal por dia?

(MAISComo reeducar a sua alimentação em 2013)
(MAISVocê já ouviu falar na Chia, a super-semente?)

A OMS recomenda idealmente 2 gramas de sódio por dia. Sabe quanto o brasileiro ingere, em média? Mais de 8 gramas. Um absurdo, não é? E o pior, todo este sal está misturado no meio da comida, de forma que a gente nem percebe. Às vezes, estamos tão acostumados com comida salgada, que uma comida temperada de forma adequada parece comida de velho, insossa.

Adequar-se à normas da OMS não é uma tarefa simples. Mas há algumas maneiras para se aproximar dela.

Se você come fora, cowboy, não tem muito jeito. Primeiro, opte por restaurantes confiáveis — e evite as redes de fast food, que costumam exagerar na dose. Segundo, livre-se do saleiro de mesa. E terceiro, compense em casa. Quando for escolher o que comer, seja fresco: leia a tabela nutricional. Por exemplo: você sabia que um miojo (sim, um único miojo) tem 85% da sua necessidade diária de ingestão de sódio? E isso porque eles consideram como 2,5 gramas por dia — e não duas. Não é coisa demais para um negócio que não forra nem o estômago de um pássaro? Pratos congelados também são um mal a se evitar.

Quando for avaliar o que você vai comer, faça de um jeito bastante simples: na tabela nutricional, veja se tudo está equilibrado. Se a porcentagem do valor diário de calorias é a mesma das gorduras, proteínas e, no caso, do sódio. Se for muito sódio para pouca caloria (como em azeitonas, por exemplo), evite. Porque, se tem pouca caloria, você vai comer bastante para matar a fome. E, comendo bastante, vai se entupir de sal. O resultado? A boa e velha pressão alta. Que de boa, na verdade, não tem nada. A não ser que você queira ganhar um derrame do Papai Noel no Natal de 2018.

Evite comer em redes de fast food, pois elas costumam exagerar na dose de sal nos pratos

David Nordon

David Nordon é médico e escritor.

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