Quem não quer ter um corpo esteticamente admirável? Peitoral desenhado, barriga de tanquinho, torso em V, coxas à lá Roberto Carlos… Exagerei, né? Coxa de RC é demais. Mas, enfim, o que não faltam são academias lucrando em cima da busca narcisista pelo shape perfeito.
“Mas é uma procura por saúde também”, alguns podem alegar.
Bullshit. Isso é papo de gente inocente.
Foi no final do século XIX que surgiu a ideia da busca por um corpo perfeito ,e o protagonista dessa história foi Eugen Sandow. Ao visitar museus, Sandow observava as esculturas gregas e, admirado pelo desenho físico delas, decidiu que iria desenvolver um corpo semelhante. Até então ninguém acreditava que uma pessoa poderia ter traços anatômicos como o das estátuas gregas. Por isso que o prussiano se tornou uma estrela de grandes proporções ao adquirir um “corpo perfeito”.
Antes disso, Eugen Sandow era um atleta de circo que havia fugido de seu país para evitar as incumbências militares. Vivendo na Inglaterra ele começou a se destacar por sua força durante exibições onde dobrava barras de ferro, quebrava correntes com o peito e até levantava cavalo nas costas. No entanto, foi mais tarde, durante uma apresentação nos Estados Unidos, que seu então empresário Florenz Ziegfeld percebeu que as pessoas estavam mais interessadas nos desenhos de seu corpo do que nos próprios movimentos de força. Durante uma dessas oportunidades Ziegfeld apelidou as poses feitas por Sandow de “performance de exibição musculares”, caracterizando a atividade como uma exibição corporal e não mais uma demonstração de força. Era o nascimento do fisiculturismo.
A partir daí Eugen Sandow se tornaria um grande ídolo – um símbolo sexual. Segundo uma matéria da BBC, as mulheres pagavam para encontrar o homem no camarim e ter a oportunidade de acariciar seus músculos. Os gays também. O seu corpo se assemelhava tanto ao ideal de perfeição que o Natural History Museum, na Inglaterra, providenciou uma estátua de gesso que apresentava o seu físico.
As medidas do moço eram tão – ou mais – impressionantes do que seu corpo escultural (bom, pelo menos naquela época). Os bíceps mediam quase 50 cm; as coxas aproximadamente 70 cm; os peitos 122 cm e se inflados podiam chegar a 157 cm. E os famosos six-packs? Sandow tinha ainda mais: um eight-packs.
Mas hoje, no século XXI, o corpo de Eugen Sandow ainda seria considerado perfeito?
Provavelmente não. É só observarmos o que vemos na TV, nos cinemas, nos comerciais ou em qualquer outra mídia. Os modelos masculinos não exibem corpos musculosos como o do pioneiro do fisiculturismo. São corpos bem definidos também, mas com muito menos massa muscular. São modestos nesse aspecto se comparados a Eugen Sandow.
Contudo, mesmo que o conceito de físico perfeito não seja mais o mesmo, uma coisa parece intacta: o culto à vaidade.
