Antes de falar sobre o WhatsApp no trabalho, vou contar uma experiência que tive:
Uma vez, fui visitar o QG paulista do Google e descobri que não é tudo lenda. O ambiente tem mesmo um clima de descontração como dizem — com muitas cores e estações de descanso e diversão — e os profissionais têm liberdade.
Perguntei então para a amiga que havia me convidado, ao me deparar com uma mesa de sinuca: se você quiser jogar uma partida comigo agora, no meio do dia, você pode? “Sim, óbvio”, foi a resposta.
Esse é o espírito do tempo empresarial: liberdade aos profissionais. Mas liberdade responsável. Você pode fazer o que quiser se cumprir suas tarefas.
Nada de proibições.
As proibições cansam, exaurem e fazem a produtividade cair. Podem até garantir resultados, mas não qualidade. E resultados burocráticos, sem criatividade, não fazem uma empresa se destacar.
Ao falar sobre isso, nos deparamos com uma praga moderna: o WhatsApp.
O aplicativo é um verdadeiro fenômeno e invadiu todos os âmbitos de nossas vidas, inclusive o profissional.
Uma pesquisa realizada pela Regus descobriu que 95% dos brasileiros utilizam o Whatsapp no trabalho como uma ferramenta de suporte. E eu acrescentaria nessa estatística que 100% usam para assuntos pessoais durante o expediente. É um chute meu. Mas um chute preciso, estou convencido disso.
É difícil passar o dia sem dar uma fuçada durante o período de labuta, que às vezes se estende por oito, nove, dez horas.
Mas, por outro lado, qual o problema de dar uma checada rápida, que não levará mais de 3 minutos? Isso, inclusive, pode ser ótimo para dar uma espairecida depois de momentos intensos e longos de concentração numa tarefa específica. Se compararia, sei lá, à pausa para um café.
O problema é que não somos tão sábios quanto à simplicidade desse raciocínio e, por vezes, nos aventuramos em longas imersões no aplicativo, o que prejudica muito a nossa produção.
O WhatsApp se tornou aquele lugar da escapadinha, do alívio, da satisfação entre tantas obrigações. É o oásis do deserto empresarial. É o cigarro que não pode mais ser acendido no biombo. Olhamos para o smartphone e nos vislumbramos com a fuga fantasiosa da dura experiência profissional.
E então caímos no famigerado discurso do bom senso.
“Use com bom senso e tá tudo bem!”
Mas isso é tão óbvio quanto o fato de que ninguém usa com bom senso (licença poética para a generalização). Bom senso é uma medida subjetiva e a realidade é que você terá que se adaptar à subjetividade do seu chefe.
Simples assim.
Contudo, uma coisa é certa e isenta de subjetividade: você não deveria deixar as mensagens pessoais do WhatsApp interromperem suas tarefas.
Sua responsabilidade como profissional é ser produtivo à empresa que trabalha. Você assumiu esse compromisso ao aceitar o trabalho. Mas parar uma atividade no meio para dar uma checadinha no aplicativo não auxilia em nada a sua produtividade.
Uma, duas vezes não tem problema. Mas esse hábito vai te consumindo como um desfile sensual da Candice Swanepoel com as asas de Angel — quando você vê, já era. Não se deixe seduzir pela aparente inofensividade do WhatsApp no trabalho.
Voltando aos americanos, é importante que a gente entenda a mensagem do Google: você é responsável pelas suas tarefas. Não deveria mais haver regras no trabalho para garantir a nossa produtividade — o nosso dever já é ser produtivo independente de qualquer coisa!
Chefes no cangote cobrando resultados? Obsolescência, senhores! É tipo mandar o aluno que conversa na aula para a diretoria.
Não vim responder categoricamente se você deve ou não mexer no WhatsApp enquanto trabalha. O problema (e a solução) não está aí, mas na maneira como você encara os seus deveres.
O mundo é da proatividade, daqueles que fazem sem esperar cobrança e reavaliam constantemente suas responsabilidades.
Se você sabe o que está fazendo, se está com o controle de sua tarefa, se está imerso nela, não vai se preocupar em verificar mensagens no celular. Seu foco é outro. Mas há algumas questões básicas a serem observadas quando o assunto é o app no trabalho. Saca só:
Como disse acima, não interrompa uma tarefa para checar mensagens pessoais. Sua concentração vai para o espaço numa dessa.
Se sua empresa tem regras rígidas, por mais que você discorde delas é preciso se adaptar (caso queira manter o emprego, claro). Então se o chefe fala “nada de WhatsApp”, é nada de WhatsApp. E não tem conversa.
Estabeleça alguns horários específicos para checar as mensagens do aplicativo. Em vez de abri-lo compulsivamente a cada nova chamada, pense em checá-lo, sei lá, a cada 2 horas. Não tem problema se algumas mensagens ficarem esperando resposta por muito tempo. Quem realmente precisar falar com você vai te ligar.
Se seu chefe te chama no WhatsApp em horário fora do expediente, vá com calma na hora de responder. Claro, não o deixe esperando. Mas se você perceber que ele está utilizando muito desse recurso quando você deveria descansar, fique esperto e controle a situação. Se você responder sempre vai fazer com que essa dinâmica se torne a natural e aí vai ser difícil virar o jogo.
Básico: não mande mensagens pessoais em grupos profissionais. Correntes, piadas, memes? É o cúmulo compartilhar esse material em janelas do trabalho, senhores. Jamais faça isso.
Utilize o aplicativo para mensagens objetivas. Não substitua o e-mail, por exemplo, pelo WhatsApp. Se for enviar anexos ou se for uma mensagem mais comprida ou que precisa ficar armazenada, sempre por e-mail.
Personalize um toque diferente para os grupos do trabalho e para aquelas pessoas que você só costuma falar sobre assuntos desse gênero. Assim, quando ouvir o aviso específico saberá que a mensagem é do campo profissional e poderá dar atenção no meio do expediente.
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